quinta-feira, 7 de julho de 2016

A cegueira...

Nestes tempos de “mensalões”, “lava jato”, boca livre” e tantas outras operações fraudulentas e criminosas por parte de nossos ditos governantes e seus “parceiros de trabalho”, lembrei-me de um filme ao qual assisti já há algum tempo, baseado em um livro de José Saramago, ‘Ensaio sobre a cegueira’.

A história começa quando ocorre uma epidemia de cegueira em uma cidade – de forma inexplicável, não se sabe quanto tempo irá durar ou de onde vêm –, afetando a visão das pessoas, que começam a enxergar apenas manchas brancas – por isso, a doença começa a ser chamada de “cegueira branca”.

O primeiro infectado acaba perdendo a visão enquanto dirige no trânsito caótico da cidade. Logo, a epidemia vai se espalhando por todo um país, começando pelas pessoas que tiveram contato com este primeiro personagem. Conforme todos vão sendo contagiados, o governo decreta que devem ser afastados do convívio da sociedade e colocados sobre quarentena numa espécie de hospital, para que não afetem o restante da população.

O foco da trama não está em mostrar a causa da doença ou sua cura, mas, sim, o desmoronar completo de uma sociedade quando perde tudo aquilo que considera civilizado. No filme, as pessoas doentes começam a lutar por suas necessidades mais básicas, expondo seus instintos primitivos. Após algum tempo com a falta de higiene, atendimento médico e comida, a história vai ficando mais tensa, mostrando a crueldade que o ser humano consegue impor aos demais em situações críticas. Em algum momento do filme as pessoas voltam a enxergar e começam a ver o mundo de uma maneira diferente, entendendo que estamos todos no mesmo barco!

Tenho observado as pessoas e a mim mesma, e é como se estivéssemos cegos e adormecidos diante de tantos fatos cruéis, surreais e assustadoramente inescrupulosos. Será que vamos voltar a enxergar como no final do filme?

PS 1: Com certeza, os deficientes visuais enxergam muito mais que uma pessoa que enxerga, mas não vê ou não quer ver!
PS 2: Como tudo isso vai acabar? Não sei! Dizem que tudo tem um começo, um meio e um fim... E um novo começo!

Publicado em 07/07/2016, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

Um comentário:

  1. A nossa esperança é de que voltemos a enxergar com clareza e não nos deixemos influenciar pelos míopes de pensamento.
    Abraço, Tony! Boa semana!
    Sonia

    ResponderExcluir

Atenção: Após escrever seu comentário, clique em ´Comentar como:´ e escolha a opção ´Nome/URL´ e, se desejar, preencha apenas seu nome (o campo URL não é obrigatório).