quinta-feira, 25 de maio de 2017

“Nego ou faço ‘delação premiada’?”...


Alguém se lembra da belíssima novela ‘Vale Tudo’? A atriz Beatriz Segall, na personagem da vilã Odete Roitman, e Reginaldo Faria, no papel de Marco Aurélio, também um grande mau caráter, ambos com muito poder e dinheiro. Após roubarem tudo e todos, fogem do Brasil, ilesos e intocados! Será que qualquer semelhança é mera coincidência?

Toda semana aparece na mídia um novo escândalo, uma denúncia e todos os políticos e demais cidadãos envolvidos repetem o mesmo refrão: “Eu nego, é tudo mentira!”. Acho que todos estudaram na mesma escola...

Mesmo com gravações mostrando esquemas de quadrilha, “Caixa 2”, Lava Jato, subornos, propinas e lobbies no Planalto, eles negam. Negam tudo! Se olharmos para tudo isso como uma mera ficção, podemos dizer que o enredo da trama está muito bom! Mas, por acaso, isso tudo que estamos vendo é a nossa realidade – e cada capítulo desta história vai interferir nas nossas vidas, nas vidas de nossos filhos, netos, bisnetos...

Sociólogos e analistas políticos divagam sobre o grande mal de não existirem mais os partidos de “esquerda” ou de “direita”. E será que este é o problema?

A política, como tudo, se globalizou, ficou moderna, imediatista, individualista. Agora está na moda participar da “delação premiada”... Eu acho isso um artifício de muita ma fé para dar um “prêmio”, ou diminuir a pena de quem cometeu o crime também!

Aí, me pergunto: “E como está o Brasil hoje? E daqui a dez, vinte ou trinta anos?”. Ainda sentimos na pele a questão de problemas sociais não resolvidos desde os tempos de Dom Pedro I.

Nossos governantes continuam negando seu o apoio a políticas verdadeiras para a sustentabilidade de nosso país e de nossos cidadãos – e, pior, eles negam que estão negando o seu dever e, depois, simplesmente entram na imensa fila para participar da delação premiada!

PS: “Chega a fazer suspeitar que a mentira é, muitas vezes, tão involuntária como a transpiração” (Machado de Assis, em seu clássico ‘Dom Casmurro’).

Publicado em 25/05/2017, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 18 de maio de 2017

Turismo cultural...

Novo roteiro turístico para os próximos feriados! “Com a pacificação das favelas, é possível que turistas conheçam novos ângulos das praias e da cidade. A segurança para circular é ‘semelhante à do asfalto’”. A afirmação, publicada na mídia impressa, destaca os principais atrativos turísticos do Rio de Janeiro: Morro do Alemão, do Borel, Morro Santa Marta, Cantagalo, etc. “Em todos os morros, temos várias opções: um mirante, a igreja da Providência, construída há cerca de 200 anos, além de opções de guias locais”, completa o artigo.

Esta exaltação às favelas cariocas é o que mais me surpreende já que, se não me falha a memória, estas favelas foram consideradas as mais perigosas, além de estarem completamente dominada pelas drogas. De repente, tudo mudou... Como eu havia escrito em colunas anteriores, o ano mudou e, num piscar de olhos, todo o complexo do Alemão e adjacências está “pacificado” e, ainda mais, pronto para receber turistas do mundo inteiro! Dizem...

Tudo muito politicamente correto. Quero deixar claro que não estou descriminando ninguém e, muito menos, as favelas, muito pelo contrário. Acho um absurdo transformar a questão da favelização – não só do Rio, mas de todo o Brasil – em um grande circo pra inglês ver! Enquanto milhares de pessoas vivem nelas em uma situação desumana – sem água potável, esgoto, em casas construídas nos morros com restos de papelão –, nosso governo quer nos convencer e, pior, convencer o mundo afora, de que favela é sinônimo de cultura e turismo!

Daqui a pouco, morar na favela vai ser “bacana”. Vão até dizer que é um projeto de vida sustentável e ecológico, já que todas as casas são feitas com “material reciclado” e você poderá viver sempre perto da natureza, “em estado intocável”.

PS 1: Favela (do dicionário Michaelis): Aglomeração de casebres ou choupanas toscamente construídas e desprovidas de condições higiênicas.

PS 2: Estande do Rio Top Tour, do governo estadual, informa sobre pontos de visitação.

PS 3: Por que as pessoas mentem?

Publicado em 18/05/2017, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 11 de maio de 2017

Temos várias mães...


Mães, avós, bisavós, todas são mães. Filhas, netas e bisnetas também se tornam mães de suas mães. É um ciclo maravilhosamente interminável.

Há vários tipos de mães: a que cozinha, lava e passa, a que trabalha fora, a que é mãe coruja, a mãe brava, a mãe que cria seus filhos sozinha, além das mães que criam os filhos de outras mães.

Bem, dizem que a mulher já nasce com o instinto natural de mãe. Ela é aquela que protege, luta e aninha seus filhotes.

Neste domingo, dia 14 de maio, comercialmente vamos comemorar mais um Dia das Mães. Promoções nas lojas, restaurantes, shoppings, tudo para comprar um presente para sua mãe ou levá-la para almoçar, passear... Enfim, o comércio ganha muito com esta data.

Mas será que esta é a melhor maneira de homenagear todas as mães de todas as idades? Quantas vezes nos esquecemos, ao longo do ano e no nosso dia a dia tão corrido, de dar um beijo, ligar, ou visitar nossa mãe? Esquecemos até o mais importante: foi ela que nos deu a luz.

Então me pergunto: como é possível que tantos homens agridam suas companheiras, filhas, empregadas e até mulheres desconhecidas? Será que estes homens não pensam que, no fundo, estão agredindo suas próprias mães?

Mesmo sendo uma data a se comemorar, acho bom sempre refletirmos um pouco sobre como a nossa sociedade ainda age de maneira tão primitiva em relação às mulheres, que são naturalmente nossas mães.

Uma curiosidade... “Estudo na Costa do Marfim diz que adoção de órfãos é pratica seguida até por chimpanzés do sexo masculino”. Eu tenho guardado este artigo há muito tempo, mas sempre vale destacar este fato como exemplo de compaixão e amor incondicional no mundo animal versus o mundo “humano e civilizado”.

Parabéns a todas as mães do mundo, hoje, ontem e sempre! Mãe é mãe, sempre! Todos os dias da semana, do mês e do ano!

PS: Os chimpanzés da Costa do Marfim estariam mais evoluídos do que nós, no que tange a valores éticos e morais e à visão do que é realmente viver em uma sociedade?

Publicado em 11/05/2017, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 4 de maio de 2017

Qual é a maior violência?

Uma pesquisa realizada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e pela USP revelou dados alarmantes: o número de mortes causadas por homicídios vitimou 5.705 paulistanos contra 1.368 mortos por AIDS.

Claro que esse aumento absurdo da violência em todo o Brasil se deve a vários fatores que já estamos cansados de conhecer, como: desemprego, fome, falta de escolas, moradia e, principalmente, a falta de uma perspectiva futura para os cidadãos brasileiros. Mas existe aí uma causa a mais, quase sempre presente em toda essa “epidemia de homicídios”: o tráfico de drogas.

Infelizmente, o maior número de traficantes e usuários de drogas está entre os adolescentes – e até crianças –, na sua maioria, vindos da periferia e das favelas, afinal eles são o alvo mais fácil de ser atingido, pois com a completa falta de direitos à escola, lazer e trabalho, esses jovens acabam encontrando no tráfico um sonho de poder consumir e existir. Obviamente, acabam se viciando e, daí pra frente, matando e morrendo dentro desse círculo vicioso.

Qual será a maior violência? Falando em AIDS, não vejo mais nenhuma campanha de prevenção ou conscientização sobre esta doença – que ainda existe! Adolescentes engravidando e fazendo abortos no fundo do quintal, com a possibilidade de morrer ou contrair o vírus do HIV, além de outras doenças sexualmente transmissíveis, aumento de estupros, etc., etc., etc...

“A gente para de estudar para trabalhar e não consegue mais voltar a estudar”, diz Mariane Dias da Silva, 19 anos, que largou a 8a série com 15 anos para ajudar a sustentar a casa.

Conforme estudos da Fundação Seade, existem mais de 2 milhões de jovens entre 18 e 24 anos que estão fora da escola, só no estado de São Paulo. Infelizmente, existe uma legião de adolescentes que são forçados a trabalhar – quando encontram trabalho – apenas para tentar sobreviver...

PS 1: Quem é o ovo e que é a galinha?
PS 2: Acabaram os feriados...

Publicado em 04/05/2017, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).