quinta-feira, 26 de maio de 2016

Disque 0800...

Estive com uma amiga neste último final de semana. Ela é engenheira civil e está fazendo pós-graduação em Estruturas. De início, eu fiquei curiosa em entender melhor o assunto. Ela mesma estava ansiosa e insegura com o tema, achando que seria difícil fazer sua tese sobre esta área da engenharia.

Muito bem, ela me disse que toda construção se baseia no cálculo estrutural e que, para esse cálculo ser feito, são necessários estudos de muitas variáveis envolvidas, como: o terreno, o clima, a região onde vai ser feita a construção, qual a sua finalidade, etc.

Depois de algumas horas, acabei fazendo uma analogia com a nossa vida. Tudo o que somos ou o que fazemos depende de nossa estrutura. Muitos dos nossos valores, nosso modo de agir, ou seja, nossa formação pessoal, têm muito a ver com nossa estrutura familiar e as condições que existem à nossa volta.

O trabalho e as relações que escolhemos também acabam sendo frutos da estrutura na qual estamos inseridos. Enfim, a nossa maneira de ser e agir é resultado de muitas variáveis.

E aí vem a minha pergunta: em que estrutura estamos nos baseando em nosso dia a dia? Em que “terreno” estamos calcando nosso trabalho, nosso casamento, opções políticas, nossos gostos, nosso olhar sobre o mundo?

Será que estamos avaliando as condições que nos cercam, para entendermos se estamos vivendo uma vida feliz? Ou somos, muitas vezes, apenas produto de um projeto já calculado por “alguns engenheiros”?

Pode parecer loucura, mas, muitas vezes, tenho a sensação de que quase tudo o que fazemos e pensamos é fruto de algo já programado por um ser maior. Não estou falando em termos religiosos, mas, sim, políticos, sociais e econômicos!

PS 1: “Disque 0800 e escolha sua opção de vida no menu eletrônico...”
PS 2: Você já assistiu “Matrix”? Acho que este filme tem tudo a ver com estes dilemas...
PS 3: Bom feriado de Corpus Christi. Um bom momento para refletir... além de viajar, passear, descansar, etc., etc., etc...

Publicado em 26/05/2016, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 19 de maio de 2016

Divagações sobre o mesmo tema...

Passam os anos, os dias e, de repente, me pego pensando: “Os jogadores de futebol da época do Pelé e do Garrincha eram melhores...” ou “ Ah, como os festivais de música da TV Record eram bons. Lançaram Elis Regina, Caetano Veloso, Chico Buarque...”

Lembro-me do meu primeiro beijo, meu primeiro namorado, até da minha primeira TV colorida. Parece coisa de velho... Sem dúvida, o melhor lugar, sempre, “é aqui e agora”. Mas por que será que essa sensação nos persegue?

Talvez porque, com o passar dos dias – e parece que os dias passam cada vez mais rápido –, sentimos que não estamos conseguindo fazer as coisas, seja no trabalho, em casa, ter o nosso tempo de lazer, ficar divagando...

Isso sem falar na situação de nosso país. Vem aí mais uma eleição... Será que os candidatos vão ser os mesmos de sempre? Vamos assistir à vários programas, onde poderemos ver o dia a dia de cada um deles, suas famílias, o que eles comem, bebem, e – talvez – suas propostas políticas.

Bem que poderiam ser novos “personagens”, mas parece que há uma dificuldade muito grande para encontrar novos candidatos! E também as “falas” de cada um têm funcionado tão bem há tanto tempo, pra que mudar?...

Sei que é estranho falar assim de um momento tão importante e difícil para o nosso país. Mas é o que vem acontecendo há mais de 500 anos – e assim continua acontecendo! Um grande espetáculo “pra inglês ver”.

Impeachment, mensalão, petrolão, pedaladas, e cadê a paixão pela vida, a luta pelos ideais? Sentimos um vazio que não conseguimos mais preencher nem com as novelas da Globo...

Bem, posso parecer um pouco pessimista, mas quero acreditar que tudo pode mudar. Talvez consigamos, ao menos, reinventar o nosso dia a dia, andar por ruas diferentes, vestir roupas que nunca pensamos, falar com pessoas com quem nunca imaginamos conversar. Enfim, abrir nossa mente e nosso coração para o novo. E, quem sabe, assim, começar a acreditar que hoje é melhor que ontem...

PS 1: Tempo, tempo, tempo...
PS 2: Já não temos mais tempo!

Publicado em 19/05/2016, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 12 de maio de 2016

Eles vêm e vão. E nós?...

Era promessa de futuro. Rapidamente está virando passado. Empurrados pela crise econômica, imigrantes haitianos que vieram ao país tentar reconstruir suas vidas após o terremoto de 2010 estão deixando o Brasil. Saem pelas mesmas portas pelas quais entraram em cidades como São Paulo e Curitiba: as rodoviárias, onde chegaram aos milhares, após ingressarem no país pelo Acre. Desde o início da década, cerca de 45 mil vieram ao Brasil.

Agora, perseguem uma nova promessa de futuro – do outro lado da cordilheira dos Andes, no Chile, onde o salário mínimo supera o brasileiro em cerca de US$ 100.

“Não dá mais para pagar aluguel, água e luz e mandar dinheiro para minha família no Haiti. Aqui já não é mais como era quando cheguei”, diz o haitiano Jean Antonie Camille, 42, que nesta semana saiu de Cambé (PR) para tentar a sorte no Chile.

De janeiro ao final de abril deste ano, a Polícia Federal registrou 3.234 saídas de haitianos do território nacional. Mais que o dobro dos 1.372 do mesmo período de 2015.

E nós, brasileiros, ficamos como? Milhares de cidadãos vivendo abaixo do nível da pobreza, sem ter o que comer, onde dormir, sem salário algum e sem perspectiva alguma de vida. E, só lembrando, isso não é uma realidade que aconteceu agora ou em 2010... Milhares de cidadãos brasileiros vivem assim desde o descobrimento do nosso país!

Como explicar que, em algum momento, foi possível receber refugiados haitianos se nós mesmos somos eternos refugiados em nosso próprio país? Isto porque não temos terremotos, tsunamis, tufões, mas sofremos de um mal eterno: a corrupção sem limites de nossos governantes desde a época de Dom Pedro.

Bem, constatado de um modo simples, porém objetivo, o nosso grande problema, fazemos o quê? Corremos pra onde? Esperamos o circo continuar exibindo suas atrações nas TVs e nos jornais dia após dia, até que, em algum momento, os super-heróis venham nos salvar?

PS 1: Infelizmente, não existem super-heróis...
PS 2: Existem apenas seres humanos, que podem pensar e decidir se querem fechar este circo de horrores ou não...

Publicado em 12/05/2016, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 5 de maio de 2016

A cura para todos os males!

Você tem espinhas, dor de cabeça, pesa uns quilinhos a mais, mentiu, roubou, participou de alguma quadrilha de corruptos? Tudo bem... Faça “delação premiada”!

Nunca tinha ouvido falar desta expressão e, agora, é a que mais se fala e a qual todos os políticos e pessoas que roubaram ou participaram de atos corruptos e ilícitos usam para se safar de sua penas e seus males!

Fui buscar no dicionário o significado exato desta expressão: “Delação premiada é uma expressão utilizada no âmbito jurídico, que significa uma espécie de ‘troca de favores’ entre o juiz e o réu. Caso o acusado forneça informações importantes sobre outros criminosos de uma quadrilha ou dados que ajudem a solucionar um crime, o juiz poderá reduzir a pena do réu quando este for julgado. Muitas pessoas consideram a delação premiada como se fosse um ‘prêmio’ para o acusado que opta por delatar os comparsas e ajudar nas investigações da polícia. De acordo com a lei brasileira, o juiz pode reduzir a pena do delator entre 1/3 e 2/3, caso as informações fornecidas realmente ajudem a solucionar o crime”.

Acho curioso aparecerem tantos seres praticamente fazendo fila para realizarem sua delação premiada – e ainda com uma carinha de coitados...

Mas por que as pessoas mentem? Por que tanta ganância, mau-caratismo e falta de consciência para com o futuro do país em que vivemos? Ah, esqueci... Com certeza é pelo dinheiro!

O americano David Livingstone Smith, diretor do Instituto de Ciência Cognitiva e Psicologia Evolutiva da Universidade de New England (EUA), tenta esclarecer por que mentimos: “A mentira está por toda parte. Mentimos para obter vantagens e para nos proteger de algo, o que significa que estamos, de certa forma, passando a perna em alguém”.

Bem, partindo dessa premissa, talvez fique mais fácil entender por que vivemos em uma dita “sociedade” tão primitiva e desumana...

PS 1: E agora que nos contaram algumas “verdades”... fazemos o quê?
PS 2: Acho que ainda tem muita gente na fila...

Publicado em 05/05/2016, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).