quinta-feira, 28 de julho de 2011

“Alô, alô, marciano...”

“Alô! Sim? Quem fala? Só um minuto, estou no MSN! Alô, alô! Só um segundo, me chamaram no Orkut... Alô! É você meu amor, tudo bem? Ôps, só mais um segundo, o celular está tocando... Então, querida, vamos sair? Um minutinho... Recebi um torpedo, vou dar uma olhadinha no meu Twitter... Então, vamos sair no domingo? Sei, você tá na dúvida... Só um segundinho, acabo de receber uma mensagem no meu Blog, mas tá tudo bem com você? Sei... Puxa acabei de receber um convite no Facebook, mas, então, tudo bem no domingo? Puxa vida, agora que eu ia conversar com calma, caiu a linha! Acho que vou mandar um e-mail, pra confirmar se a gente vai se encontrar mesmo...”

Uau! Que confusão... Este é só um pequeno retrato de como tem sido a nossa vida e relacionamentos nestes tempos modernos. Com a tecnologia a todo vapor, temos vários meios e aparelhos para nos comunicar e interagir, minuto a minuto, vinte e quatro horas por dia. Pode ser através de um iPad, iPhone, Smartphone, um Laptop, Palmtop, um Tablet, ou até mesmo um simples celular. E será que conseguimos falar, pesquisar ou mesmo postar algo que realmente nos interessa?

Adoro a tecnologia e acredito que hoje, mais do que nunca, todas estas possibilidades de comunicação e informação tendem a criar uma sociedade mais democrática e nos aproximar cada vez mais uns dos outros. Posso falar com alguém que está na China sem pagar nada e, ao mesmo tempo, mandar um e-mail pra Amazônia e receber um torpedo em alguns minutos. Mas, se não pararmos pra pensar um pouquinho para que e por que estamos fazendo tudo isso, caímos no risco de banalizarmos completamente nossas relações.

Bem, como acabou a bateria do meu celular, acho que vou procurar o “orelhão” mais próximo e ver se acho algum amigo em casa, pra convidá-lo para tomar um cafezinho e trocarmos algumas ideias sobre a vida e o mundo.

Publicado em 28/07/2011, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´ de Marília (SP), da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Mestre Sabú

Recentemente, conheci aqui em Marília uma figura maravilhosa! Com um sorriso de criança estampado no rosto o tempo todo, o radialista Jurandir de Oliveira, 83 anos, ou ‘Mestre Sabú’, como é conhecido, me falou um pouco sobre o difícil início de sua carreira, sua trajetória para chegar a ser locutor oficial dos carnavais de São Paulo e o segredo para permanecer tão jovem, na mente e no corpo.

Mineiro de Itajubá, chegou a São Paulo com 13 anos de idade, em 1940. Começou lavando carros e chegou a dormir em bancos nas praças da República e da Luz, no centro da cidade. “Vim para São Paulo sem dinheiro no bolso, lugar para morar ou gente conhecida para me acolher”, relembra. O pouco que ganhava gastava em gafieiras como a Som de Cristal, uma das mais famosas na época.

Nas gafieiras, aprendeu a tocar bongô e pandeiro. Com seu bongô, conseguiu vaga na orquestra da TV Record, onde acompanhou artistas internacionais como Nat King Cole, Sarah Vaughan, Ella Fitzgerald e Sammy Davis Jr. Em 1958, chegou a ter o seu próprio programa de TV, o “Quanda Canta Sabú”, no canal 7 da TV Record.

Começou a transmitir o carnaval em 1978, quando as escolas ainda desfilavam na Avenida Tiradentes, no centro de São Paulo. Desde então, seu refrão “A passarela é de vocês! Arrepia, rapaziada!” abre os desfiles de carnaval no sambódromo de São Paulo.

Com muita energia e vontade de trabalhar, Sabú comanda, atualmente, um programa de TV e um de rádio em uma cidade no interior de São Paulo.

Quando lhe perguntei qual é o segredo para se manter sempre tão jovem e ativo, ele respondeu, sorrindo: “A força é tudo do 'homem lá em cima'. A gente colhe aquilo que a gente planta. Eu planto sorrisos”.

Publicado em 21/07/2011, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´ de Marília (SP), da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 14 de julho de 2011

A simpática “Rose”...

Vamos voltar um pouco no tempo, para a época em que, quando crianças, assistíamos ao desenho animado dos Jetsons. Lembra-se da simpática robô “Rose”, que fazia todas as tarefas domésticas da casa sozinha, bastando solicitar tudo com um simples comando de voz?

Naquela época, achávamos que essa tecnologia talvez viesse a fazer parte do nosso dia a dia num futuro distante, e que, talvez, nós não chegássemos a ver isso acontecer.

Durante a Conferência Innorobo, que aconteceu na cidade de Lyon, na França, entre os dias 23 e 25 de março deste ano, a empresa francesa Robosoft apresentou a versão real da “Rose”, o Kompai, desenvolvido para cuidar de idosos que moram sozinhos.

Ele (ou ela, como preferir) ‘aprende’ a entender seus comandos de voz após um breve ‘treinamento’ de leitura de alguns textos disponibilizados na tela do robô.

Através de um software que simula muito bem inteligência artificial, o robô passa a interagir com o seu futuro proprietário como se fosse uma pessoa, sem aquela ‘fala mecânica’, típica do que esperamos de um robô. Todas as tarefas são realizadas com auxílio de um grande monitor que fica na frente do Kompai.

O idoso pode perguntar as horas, pedir para o robô ir à cozinha, checar a lista de compras do supermercado e até entrar em contato com o geriatra responsável.

Bem, o Kompai ouve e entende, fala como se fosse uma pessoa, anda sozinho pela casa, entra em contato com os médicos cadastrados em sua memória, mas ainda não tem braços e mãos para poder realizar as tarefas domésticas mais árduas, como lavar a louça, por exemplo.

E, em minha opinião, ainda falta mais uma coisa que dificilmente a tecnologia vai conseguir produzir: os sentimentos!

Particularmente, prefiro ter uma “Rose” humana cuidando de meu pai, minha mãe, meus avós ou de mim mesma, ao invés de um robô. Nada contra... Mas, se chegarmos a um tempo em que não houver mais seres humanos cuidando uns dos outros, por favor, o último que sair apague a luz...

Publicado em 14/07/2011, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´ de Marília (SP), da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 7 de julho de 2011

Ser modelo é...

“Ser modelo é uma carreira na qual você não tem escolha. Só o que pode fazer é se cuidar. O mercado vai me dizer até quando conseguirei trabalho”.

Se você está pensando que a frase acima foi dita por uma jovem no auge de seus vinte e poucos anos, engana-se. A afirmação é da americana Cindy Joseph que, hoje, aos 60 anos, é uma modelo requisitada para dezenas de campanhas publicitárias e editoriais de moda de revistas.

Até os seus 49 anos, Cindy passou 25 anos de sua vida trabalhando como maquiadora, produzindo modelos e celebridades para sessões de fotos. Ela nunca imaginou que algum dia ela mesma pudesse estar diante das câmeras. E ainda assumir seus cabelos brancos.

Tudo começou quando ela foi abordada na rua por um fotógrafo que a convidou para estrelar um anúncio da Dolce & Gabbana. “Depois, fui chamada novamente por uma revista. Decidi ir à Ford Models”, conta.

A ideia foi atraente para a agência, num momento em que a população dos EUA está envelhecendo e o poder econômico americano tem se concentrado mais nas mãos das gerações mais velhas. Ela logo foi contratada para a divisão chamada Ford Classics, que reúne modelos de faixa etária mais elevada que a média.

Diferentemente de suas colegas da Ford Classics, que usam botox e apelam às cirurgias plásticas, Cindy, que é mãe de dois filhos, um com 41 e outro com 37 anos, diz que, para parecer bem diante das câmeras, tem preferido “deixar a natureza seguir seu curso, cuidando do corpo e do espírito”.

Sinto que o Brasil ainda está engatinhando neste caminho, seja no mercado publicitário ou nas relações sociais e pessoais. Acredito que, mais do que nunca, cabe à “moçada” mais madura mostrar às pessoas que envelhecer não é sinônimo de doença e cansaço, mas, sim, de sabedoria e força!

Tudo tem seu tempo: o tempo de plantar, o de crescer e o de colher. Envelhecer é um fato, a questão é como cada um de nós quer chegar nesta etapa da vida...

PS: Toda semente bem cuidada dá um belo fruto para ser saboreado e apreciado!

Publicado em 07/07/2011, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´ de Marília (SP), da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).