quinta-feira, 25 de abril de 2013

Decretar é fácil...

O Senado aprovou, no dia 9 de abril, a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) 66/1212 – conhecida como “PEC das domésticas”.

Nesta emenda, estão incluídas pessoas responsáveis pela limpeza da residência, lavadeiras, passadeiras, babás, cozinheiras, jardineiros, caseiros de residências na zona urbana e rural, motoristas particulares e até pilotos de aviões particulares.

A nova PEC foi idealizada para tratar da regulamentação dos direitos trabalhistas destes profissionais: carteira de trabalho assinada, valor mínimo do salário, jornada de trabalho, hora extra, adicional noturno, etc...

Um fato estranho é que, na categoria dos profissionais considerados “domésticos”, foram incluídos, também, os cuidadores de idosos.

“Parlamentares e senadores não avaliaram todas as implicações que a PEC poderá causar”, afirma o aposentado Francisco de Paula Arantes, 75, de Niterói (RJ). Sua mãe, com 98 anos, dificuldades motoras e cega, é cuidada por duas funcionárias que se revezam nas tarefas domésticas. Pelo trabalho, cada uma delas recebe R$ 1.250 por mês.

Segundo cálculos apresentados no jornal Folha de S.Paulo (caderno Mercado, 05/04/2013), uma cuidadora que recebia R$ 1.250,00 antes da nova lei, tinha um custo anual para o empregador (somados todos os encargos) de R$ 20.066,67. Com a nova PEC, o valor anual passará a ser de R$ 33.326,21. Um aumento de 66,08% em relação à lei antiga.

Com certeza, é muito importante regulamentar todas as profissões. Mas venhamos e convenhamos, podemos viver com ou sem uma empregada doméstica ou até criarmos o hábito de termos diaristas. Agora, quando se trata da questão da necessidade de se ter um cuidador para uma pessoa idosa, a história é bem diferente!

Ainda mais quando não existe praticamente nenhum serviço público que possa oferecer este atendimento a mais de 3 milhões de idosos que necessitam de auxílio contínuo.

PS 1: Decretar leis é muito fácil!
PS 2: Fazer valer o direito de cada cidadão brasileiro...

Publicado em 25/04/2013, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Tomates “made in china”...

Você sabia que o tomate é uma fruta? Já que este alimento está literalmente em alta, achei interessante destacar este fato singular.

Curiosidade: o tomate foi oficialmente descrito pela primeira vez, em 1544, pelo botânico italiano Pietro Andrea Mattioli. O tipo em questão possuía uma cor amarelada, que lhe rendeu o apelido de "pomo d'oro", ou maçã de ouro.

Fruto ou vegetal? O seu filho volta da aula de ciências afirmando que o tomate é um fruto. Você insiste que é um vegetal. Ele está certo... E você, também!

A controvérsia está por aí há mais de 100 anos, desde 1893, para ser exato. Naquele ano, nos Estados Unidos, os importadores de fruta John, George e Frank Nix processaram o coletor de impostos de Nova Iorque, Edward Hedden, por lhes taxar um carregamento de tomates vindo das Índias Ocidentais. Naquela época, a importação de frutas não era taxada, a de vegetais, sim.

É nesse momento que a Suprema Corte dos Estados Unidos entra em cena, reconhecendo que, tecnicamente, os tomates eram de fato frutos, mas aceitando, na “linguagem comum das pessoas”, que eles eram também vegetais – cultivados no quintal, como o pepino, os feijões e as ervilhas. E sendo servidos como prato principal, não como sobremesa. Por decreto, então, o tomate, botanicamente um fruto, virou vegetal.

Não imaginava que o tomate tivesse tanta coisa em comum com a história do Brasil! Aqui, tudo vira uma coisa ou outra de acordo com os interesses do governo e, oficialmente, por decreto.

De repente, como se ninguém tivesse percebido, “Dilma pisou no tomate”, a inflação subiu, estamos perdendo as rédeas da economia e até importando tomates da china. Só faltava essa...

No início do ano, o Brasil estava muito bem obrigado, nossos ministros ensinando economia para a pobre Comunidade Européia! Mas, como num passe de mágica, tudo mudou...

Afinal, o Brasil é uma “fruta ou um vegetal”?

PS: Quem souber a resposta, ganha uma pizza...

Publicado em 18/04/2013, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Faltam 427 dias...

Tenho ouvido muito essa frase: “Depois da Copa 2014...”, ou seja, parece que o País parou mais do que o normal, tudo vai se resolver “depois”: os projetos de infraestrutura, os salários, o desemprego, tudo vai ficar pra depois...

Após uma pequena reflexão, me perguntei: “Como assim, depois”? Será que pegar filas em postos de saúde, falta de transporte coletivo, salários baixos, e outras “cositas” mais, vão se resolver depois da Copa em um passe de mágica?

Bem, também depois, vem o período das férias, Natal, carnaval, dia das mães, dos pais, e todas as questões mais importantes vão ficando à margem, esquecidas no tempo. Ah, continuam os preparativos para a Copa de 2014, esses são imprescindíveis. Milhões de reais “perdidos em algum lugar do tempo-espaço”...

Já estamos praticamente no meio do ano de 2013. O Mensalão acabou e nada mudou, a pacificação das favelas não pacificou muita coisa, as chuvas voltaram e as enchentes também – segundo os governantes, tudo é culpa do meio ambiente –, dos lóbis políticos. Bem, a culpa sempre é do outro e, como diria Paulo Maluf: “Eu nego! Nego tudo!”.

Mas por que se preocupar tanto? 2014 já está chegando e depois tudo vai mudar...

Enquanto esta data não chega, vamos vivendo, assistindo a massacres de pessoas pela TV, roubos, guerras. Tudo isso já faz parte do nosso cotidiano e é tão estranho que nem estranhamos mais!

Ontem, assistindo ao Jornal Nacional, vi tantas coisas caóticas acontecendo no país inteiro que, por um momento, achei que já havia sido declarado o “Estado de Emergência Nacional”. Mas pra quê? Isso a gente faz depois...

Depois de escrever esta coluna, acho que vou sentar e esperar pra ver no que vai dar depois de hoje, amanhã... Pra que esquentar a cabeça?

PS 1: Faltam 427 dias para a Copa 2014. Logo, logo tudo melhora...
PS 2: São as águas de março fechando o verão... Mas já estamos em abril...

Publicado em 11/04/2013, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 4 de abril de 2013

Lingerie: uma questão política

Quem não gosta de lingeries? Comprar um sutiã novo com alça, sem alça, de bojo, mais confortável, uma calcinha cheia de rendinhas, escolher cores diferentes, enfim, estas peças íntimas fazem parte da vida das mulheres. E dos homens também!

O que me levou a lembrar destes, literalmente, pequenos acessórios do guarda-roupa feminino foi um documentário que vi há poucos dias na TV. Logo de cara, gostei do enfoque “A história da Lingerie”.

No início, tudo estava muito bem, mulheres francesas gostam de usar peças mais sofisticadas, as japonesas gostam mais de sutiãs com desenhos de bichinhos, as russas, peças mais sexy e extravagantes. De repente, começaram as perguntas sobre o porquê do gosto de cada uma delas. Aí, ouvi respostas politicamente incorretas, porém, infelizmente, verdadeiras... As russas diziam que os homens de seu país são muito grossos, bebem e batem nas mulheres e, por isso, elas usavam a lingerie como um dos mais importantes artifícios para seduzir homens que fossem bons para casar.

Já as japonesas relataram que, lá, os homens gostam de mulheres infantilizadas e que possam ser dominadas, daí a busca por peças bem “baby”. Ufa, de repente me vi triste e irritada com o que eu estava ouvindo. Será que voltamos no tempo? Cadê a independência feminina, a busca pelos direitos da mulher, a denúncia de abusos e maus-tratos por parte dos maridos e companheiros?

Nas décadas de 1960 e 1970, surgiram os movimentos feministas, foi criada a pílula e mulheres começaram a ocupar cargos importantes em nossa sociedade. E, agora, como fica tudo isso? Cabe a nós mesmas impor limites e respeito. Do jeito que as próprias mulheres estão se mostrando, com e sem roupa, não há santo que as respeite!

Ah, nas Arábias, as mulheres dos xeiques vão comprar lingeries tipo “mulher objeto”, mas sem tirar a burca! Quanta hipocrisia e machismo às avessas...

Publicado em 04/04/2013, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).