quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Anjos existem!

Alveiro Vargas tinha apenas 9 anos de idade quando resolveu mudar a vida dos mais velhos, em sua cidade natal, Bucamaranga, na Colômbia. Sem recursos e por conta própria, ele organizou seus amigos, também crianças, da favela onde morava e passou a levar cuidados, amor e carinho aos idosos.

Os velhinhos o chamavam de “angelito” (anjinho). Ele e mais 12 crianças visitavam idosos, de barraco em barraco, para levar comida e fazer a limpeza. Alveiro não teve tempo para brincar com as crianças de sua idade. Fazia suas visitas desde que saia da escola até as 11 da noite.

“O nosso bairro e as pessoas da 3ª idade estão muito abandonados pelas instituições, pelo governo, pela prefeitura. Aqui tem muita pobreza. Em época de eleição, os políticos vêm aqui dizendo que vão ajudar e, depois que passa a eleição, adeus promessas”, criticou Alveiro.

Um documentário de TV, na época, mostrando suas iniciativas, chegou até a França, onde despertou uma onda de doações. Bucamaranga recebeu 500 mil francos. Mas o valor não era suficiente para construir o asilo e mantê-lo em funcionamento. Ele chegou a ter contato com a primeira-dama da Colômbia e com o Governador local, o que frustrou mais ainda suas expectativas, pois as promessas feitas não foram cumpridas.

Após uma doação de mais 300 mil francos da França para os “anjos”, Alveiro pôde, finalmente, construir o seu sonho. Hoje, aos pés da favela onde morava, o asilo “Cantinho da França” tem 140 leitos, 4.000 metros quadrados e um grande jardim.

Parte do sonho do pequeno “angelito”, agora com 20 anos, se realizou. Mas ele sabe que ainda há muito a fazer. “Gostaria de estudar medicina, mas acho que, como advogado, poderei defender e tentar garantir cada vez mais os direitos da 3ª idade”, afirma.

PS: O mundo está repleto de anjos como Alveiro. Cabe a cada um de nós percebermos onde eles estão e trabalhar juntos com eles. Talvez você tenha um “angelito” dentro de sua própria casa!

Publicado em 24/11/2011, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Alívio imediato...

Dor de cabeça, resfriado, stress, espinhas, obesidade? Não se preocupe! Vá até a farmácia mais próxima e, rapidinho, você vai achar um coquetel de soluções imediatas.

As “drugstores” estão tão moderninhas que já têm o sistema “self service”. É só pegar sua cestinha e ir colocando todos os produtos expostos nas prateleiras: aspirina, vitamina C, balinhas coloridas pra dores de garganta, promoções de xarope, vitaminas de todos os tipos e tamanhos.

Legal, num piscar de olhos todos os males vão passar e até aproveitamos pra dar uma voltinha. E quem garante que eles não vão voltar tão rápido quanto foram embora? Também tem o alívio imediato pós-expediente, pós-briga com a namorada ou marido: uma cervejinha no boteco da esquina, uma caipirinha...

Num primeiro momento, tudo parece normal. Afinal, vivemos numa sociedade rápida e imediatista, que tem como uma de suas bandeiras principais o bem-estar e o prazer imediato. Drogas como o álcool, o cigarro, a aspirina, os Red Bulls, são vendidas livremente e com um “super marketing”, já que o mais importante é aparentar estar sempre bem.

Tudo acaba ficando meio confuso. Mas pense bem antes de buscar qualquer forma de alívio rápido, especialmente se depender de alguma química!

Tentar buscar interiormente a causa de nossas dores físicas ou emocionais não é fácil! Observar melhor a nós mesmos, conversar com nossos amigos e parceiros e buscar a causa real de nosso desconforto acho que já é um bom começo.

Parece até que eu virei zen budista! Mas não é esse o caso. Apenas comecei a observar como, sempre que surge um problema, a primeira coisa que fazemos é procurar um elixir mágico, com ou sem bula.

PS 1: A última vez que fui à farmácia comprar um shampoo, recebi aquele cuponzinho cheio de promoções... Mas, felizmente, consegui resistir!

PS 2: Neste último feriado, aproveitei para pensar na beleza da vida...

Publicado em 17/11/2011, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Fora de foco

No dia 15 de novembro, estaremos comemorando mais um ano da Proclamação de nossa República!

Brasil, ano 2011: temos a felicidade de estar inseridos na política da globalização e até emprestar dinheiro para o FMI!

Será que existem dois Brasis? Um rico e próspero e, outro, pobre e cheio de problemas que vão desde a falta de esgoto e encanamento para milhares de cidadãos, filas imensas em postos de saúde do INSS – sem contar a falta de médicos e infra-estrutura básica –, analfabetismo, miséria, entre outras “cositas mais”.

Desde o “achamento” do Brasil até hoje, parece que poucas coisas mudaram. Os portugueses se encantaram com os índios e as índias, com o pau-brasil, nossas especiarias, a terra fértil e a facilidade de adquirir tudo e todos que aqui estavam através da violência e do aculturamento.

Passado algum tempo, os índios se rebelaram, porém isso não foi motivo para que os colonizadores desistissem de seus objetivos predatórios e inescrupulosos.

Trouxeram, então, os negros como mão de obra escrava, utilizando os meios mais bizarros possíveis e imagináveis para com eles.

Passado mais um tempo, precisaram de uma mão de obra mais qualificada para o plantio do café. Então trouxeram os imigrantes italianos, cativados pelas promessas, nem sempre verdadeiras, de ganharem terras.

Já na era industrial, chegaram novos “colonizadores”, europeus e americanos, levando nossa borracha, madeira, minérios e grande parte da Amazônia.

E assim caminha a humanidade... Hoje, o Brasil continua vendendo suas terras para australianos criarem gado, espanhóis fazerem condomínios de luxo, chineses construírem fábricas de computadores, além de nossos próprios “coronéis” serem os únicos a conseguir plantar em terras áridas do Nordeste – que se tornam férteis num passe de mágica!

Não quero parecer uma pessoa extremamente crítica, mas através de qual lente estamos vendo o nosso país? Alguma coisa parece estar fora de foco!

PS: Preciso ir ao oculista.

Publicado em 10/11/2011, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).