quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

“A gente não quer só comida...”

“A gente para de estudar para trabalhar, e não consegue mais voltar a estudar”, diz Mariane Dias da Silva, 19 anos, que largou a 8a série com 15 anos para ajudar a sustentar a casa.

Conforme estudos da Fundação Seade, existem mais de 2 milhões de jovens entre 18 e 24 anos que estão fora da escola, só no estado de São Paulo. Infelizmente, existe uma legião de adolescentes que são forçados a trabalhar apenas para sobreviver, ou seja: comer, dormir, acordar e trabalhar.

Porém, vivemos na era do computador, das viagens espaciais, da clonagem, robôs inteligentes... Afinal que mundo é esse? Um mundo cada vez mais dividido entre seres braçais e seres intelectuais.

Acabou de chegar aqui em Marília o Programa ProJovem Trabalhador, para formação profissional gratuita de 3 mil jovens. Porém, a maior “programação cultural” que tenho visto por aqui tem sido “Em cartaz: Breve, abertura de mais um Supermercado...”

Com certeza, estes empreendimentos já geraram muitos empregos para a população local. Mas será que o Mariliense quer só comida? Cultura, arte e lazer também são alimentos para a vida.

PS 1: Será que vamos ter uma eterna legião de jovens, adultos e, futuramente, idosos, que nunca terão ido a um teatro ou, lido um livro sem ser profissionalizante?

PS 2: Vale a pena assistir a palestra “Dificuldades e sofrimentos”, acompanhada de um coral maravilhoso de crianças: dia 27/02, sábado, 20h, no Lar de Meninas Amélie Boudet.

Publicado em 25/02/2010, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´ de Marília (SP), da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Qual é o seu Avatar?

Achar a cara-metade pela internet é o passatempo preferido dos internautas que frequentam o Orkut e lotam as salas de bate-papo da rede.

Talvez você já tenha até se apaixonado por alguém dessa maneira, ou até já praticou sexo virtual. Não precisa nem usar a camisinha! Protegidos pelo nosso “avatar”, acabamos contando nossos segredos, intimidades e criando fantasias...

Acreditamos que a internet é um mundo seguro. Mas será que é mesmo? Podemos ser quem quisermos ser e todas as outras milhares de pessoas que estão navegando também!

Num mundo que parece ter se esquecido do indivíduo, mais do que nunca é importante um retorno ao nosso imaginário, o namoro e o bate-papo on-line acabam sendo uma “viagem”. Porém, é bom lembrarmos que, além do mundo virtual, existe um mundo real, às vezes assustador, outras vezes encantador.

Claro que, vivendo em grandes cidades e mesmo aqui em Marília, temos a tendência de nos fecharmos em pequenos grupos ou até de ficarmos sozinhos, talvez por medo, timidez ou insegurança.

O namoro e a vida no mundo virtual são uma opção e até podem ser uma diversão, mas buscar o outro e a nós mesmos, deixando nosso avatar no armário, ainda é uma aventura que eu tenho certeza que vale a pena. “Navegar é preciso, viver também é preciso”.

PS: O filme “Avatar” está fazendo o maior sucesso. Que tal procurar nas locadoras o DVD “Blade Runner”? Este filme é dos anos 80, mas ainda me parece mais original e real!

Publicado em 18/02/2010, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´ de Marília (SP), da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Tia Izaura

Desde que cheguei a Marília, tenho tido muito contato com uma senhora de 82 anos, a quem chamo carinhosamente de Tia Izaura.

Bem, já havia conhecido Tia Izaura quando eu morava em São Paulo. Estando aqui, comecei a frequentar mais sua casa e a perceber mais seu dia a dia e sua maneira de lidar com a vida.

Para minha surpresa, percebi, em pequenas e simples conversas sobre suas flores e seus biscoitos, os problemas de saúde que foram surgindo com sua família e com ela mesma, e a maneira simples com a qual ela lida com tudo isso.

Tia Izaura tem uma filha que acabou de passar por uma cirurgia dificílima em São Paulo, na qual corria risco de perder a vida. Estive com ela nestes momentos e, mais uma vez, percebi sua maneira sábia e tranquila de lidar com a questão. “A gente tem que ter fé e segurar a onda da família, estou pronta para ir a São Paulo em caso de qualquer eventualidade. A vida é só uma passagem, não vamos levar nada daqui, senão os momentos de amor e carinho para com nossos semelhantes. Eu não sei por que as pessoas complicam tanto esta breve viagem”, disse Tia Izaura.

Tenho tantas coisas para falar sobre a Tia Izaura que não caberiam nesta coluna. Em um passeio recente que fiz com ela, tomamos sorvete, conversamos sobre o calor e a alteração do clima. Empolgada com os vários sabores, ela levou mais de 10 picolés pra casa. E saiu feliz como uma criança... Quem dera todos tivéssemos a lucidez da querida Tia Izaura.

PS: Bom Carnaval a todos os leitores do Bom Dia Marília.

Publicado em 11/02/2010, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´ de Marília (SP), da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Carnaval 10.000 AC

As origens do Carnaval são polêmicas. Não existe maneira de comprovar o nascimento do Carnaval, mas, através de pesquisas sobre a evolução do homem, sabemos que os primeiros sinais do que mais tarde se chamaria Carnaval surgiram de cultos agrários dez mil anos antes de Cristo, com os povos que habitavam as margens do rio Nilo, no Egito.

Os homens daquela época entravam em estado de utopia através da comemoração. No momento da festa, se desligavam das coisas ruins e saudavam as que lhes pareciam boas com danças e cânticos para espantar as forças negativas.

Para os foliões de hoje o sentimento de utopia é idêntico! O Brasil é referência mundial neste quesito: samba, mulatas, desfiles, e muita cerveja...

Seguindo as antigas tradições, durante a semana do Carnaval não existem problemas políticos ou sociais, existe apenas a visão de mulheres quase nuas desfilando sem parar!

Historicamente, esta data serviria para, através dos enredos, falarmos de nossa realidade. Com certeza, muitas escolas ainda fazem isso. Mas, infelizmente, com o “Carnaval para inglês ver” e as “mulatas da Globo”, até esta tradição está morrendo.

O Carnaval é lindo. O problema é como a mídia e os próprios carnavalescos acabam esquecendo nossa origem e vendendo apenas a imagem do “Yes, nós temos bananas”.

PS: Este ano vou passar o Carnaval em Marília. Espero que aqui os carnavalescos não se inspirem apenas nas belezas da globalização.

Publicado em 04/02/2010, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´ de Marília (SP), da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).