quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

São Paulo: ame-a ou deixe-a...

No dia 25 de janeiro, a cidade de São Paulo comemorou seu aniversário de 458 anos de vida, lutas e sonhos. Uma louca megalópole com seu trânsito caótico, sua poluição - atmosférica, visual e sonora - e as enchentes que sempre aterrorizam a cidade.

Talvez você se lembre daquele adesivo vendido em bancas de jornal nos anos 70: “Brasil, ame-o ou deixe-o”. Uma versão desse adesivo para a cidade, hoje, seria: “São Paulo, ame-a ou deixe-a”.

Por incrível que pareça, muitos paulistanos desta frenética metrópole amam São Paulo de paixão e não a trocariam por nada deste mundo. Irracional? Não faz sentido? Tal como no amor e na paixão, a gente gosta, e pronto!

Assim é a cidade de São Paulo, uma cidade com uma pluralidade racial e cultural talvez única na América Latina, com uma gastronomia tão diversificada quanto maravilhosa, centenas de cinemas, bares, danceterias, clubes, centros de esportes, museus e centros culturais para todos os gostos e idades.

São Paulo é a terra da garoa, terra da liberdade, terra da luz, terra da pizza, da macarronada, do quibe, do pastel, do acarajé, do vatapá, da mandioca, do fubá, do doce-de-leite, do feijão de corda, do café...

Mas esta megalópole também é uma terra de dificuldades, pobreza, falta de esgotos, moradias, escolas e saúde, violência e, principalmente, falta de estrutura e planejamento. Mesmo sendo um dos maiores centros de negócios financeiros do Brasil e do mundo, ainda peca muito por não olhar para seus moradores.

Como no resto de nosso País, os governantes estão sempre ávidos pelo lucro imediato e pelos investimentos externos, deixando de pensar nos seus cidadãos.

Nos dias de hoje, tanto na capital como no interior, a cidadania virou apenas um palavra “fashion”. Do jeito que as coisa vão indo, logo, logo, todos nós brasileiros vamos ter que migrar ou emigrar para algum lugar que nos respeite! Que ironia... Sentirmos-nos estrangeiros em nosso próprio País!

PS: Brasil com “s” ou com “z”?

Publicado em 26/01/2012, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Sustentabilidade insustentável

Empresas sustentáveis, florestas sustentáveis, meio ambiente sustentável, governo sustentável... Hoje, é politicamente correto ser sustentável. Sustentabilidade tornou-se a palavra de ordem e sustentável, o adjetivo da moda.

Meio ambiente sustentável é uma questão muito propagandeada, porém duvidosa. O Brasil não consegue limpar seus rios ou fazer barragens que suportem um mínimo aumento de chuva. Casas e edifícios caem por falta de planejamento antes e durante a construção, ou por causa de políticas irresponsáveis que permitem construir em terrenos com encostas e barrancos nitidamente passíveis de deslizamentos.

Secas imensas no Sul e chuvas devastadoras no Sudeste. Os políticos jogam a culpa na “Mãe Natureza, que está desequilibrada”. No entanto, graças às mais modernas tecnologias, às quais o Brasil tem acesso, isso seria facilmente contornável. E sustentável.

Fui ao supermercado estes dias e percebi cada vez mais prateleiras especiais para produtos orgânicos. Aí, me perguntei: “Mas todos os alimentos não são orgânicos?” Não, orgânicos são aqueles que não possuem agrotóxicos, que são bem mais caros que os não-orgânicos.

Então, pensei: “Para sermos saudáveis e ‘sustentáveis’, temos que pagar mais por isso? Por que o Ministério da Agricultura não cria leis e infra-estrutura para que todos os agricultores possam plantar sem agrotóxicos?”

Reciclar sacolas também é “sustentável”. Super fashion, mas nada prático. Nenhuma logística é organizada por parte dos governantes: não temos coleta seletiva de lixo, de caixas, garrafas, nada! Apenas o slogan “Não use sacolas, respeite o meio ambiente”. Mas, se você puder pagar um pouquinho mais... vai poder comprar a sacola reciclável, à venda em todos os supermercados!

PS. Sem uma “reciclagem” do nosso sistema político, social e cultural, será impossível criar uma situação sustentável para o Brasil. Estamos apenas criando uma “síndrome” que facilmente nos convence de que tudo é verdade...

Publicado em 19/01/2012, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Minha casa, minha vida?

No último dia 27 de dezembro, o governo federal alterou os critérios de seleção dos candidatos a beneficiários do programa ‘Minha Casa, Minha Vida’. Entre as mudanças está a indicação de percentual de unidades que devem ser reservadas para idosos e pessoas com deficiência.

O ‘Minha Casa, Minha Vida’, programa habitacional do governo federal para construção de moradias em parceria com estados e municípios, foi lançado em março de 2009 com a meta inicial de construir um milhão de moradias populares.

O novo texto determina que sejam reservadas, no mínimo, 3% das unidades para idosos. O mesmo percentual deve ser respeitado para pessoas com deficiência ou seus familiares diretos.

O tema me chamou a atenção em função de uma reportagem que fiz no Canadá. Lá, tive a chance de ver de perto as políticas públicas para os idosos daquele país.

Não querendo comparar, mas no Canadá as coisas são mais simples. Todo o imposto que se paga lá – que nós pagamos aqui, também, e que é bastante alto, talvez um dos mais altos do mundo – se destina às necessidades de todas as pessoas. No caso das pessoas idosas, estas já têm, naturalmente, o direito a residir em condomínios públicos, mantidos com os impostos que o cidadão pagou durante toda a sua vida. Aos idosos que já não têm autonomia, o governo oferece condomínios com auxílio de profissionais especializados.

Com relação aos 3% das unidades do programa ‘Minha Casa, Minha Vida’, reservados para os idosos, coloco em questão se o idoso tem condições de morar sozinho e se estas casas terão alguma adaptação específica para eles, entre outros muitos detalhes a serem avaliados.

PS. O Brasil deveria, sim, fazer uma política pública efetiva de atenção à pessoa idosa. Não basta conceder casas para essa parcela da população sem criar uma proposta de assistência e reavaliação de todos os direitos e cuidados necessários para a terceira idade, que hoje totaliza aproximadamente 11% de toda nossa população.

Publicado em 12/01/2012, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Comece 2012 reciclando!

O começo de um novo ano é sempre uma boa época para reciclar ideias, atitudes, comportamentos e... sacolinhas de supermercado...

Nestes tempos de preocupação com o meio ambiente, cujas ações indiscriminadas do ser humano estão colocando nosso planeta em perigo, uma das atitudes que têm sido questionadas é a utilização de sacolas plásticas descartáveis nos supermercados.

Em maio de 2011, a prefeitura de São Paulo sancionou uma lei proibindo o uso de sacolinhas plásticas dos supermercados da cidade a partir de 1º de janeiro de 2012. No entanto, o Tribunal de Justiça do município decidiu suspender a lei, tanto para os supermercados como para todo o comércio varejista da cidade de São Paulo. Em outras 20 cidades, o Sindicato da Indústria de Material Plástico teve sucesso ao entrar na Justiça com a ação semelhante para impedir a proibição do uso das sacolinhas plásticas.

Mas, enquanto prefeituras, indústrias de materiais plásticos e supermercados do País brigam na justiça pela melhor forma de levar os produtos dos supermercados para casa, algumas pessoas já estão dando o exemplo por conta própria.

É caso de Manoelita Valim Rodrigues, 77 anos, que há mais de 10 anos reutiliza sacolas plásticas descartáveis de supermercado, utilizando as mesmas sempre que volta às compras. “Quanto menos poluirmos o meio ambiente, melhor para nós. Não só para nós, mas para as gerações futuras. O meio ambiente não precisa de nós, nós é que precisamos do meio ambiente”, enfatiza Manoelita.

PS 1: Reciclar ideias e posturas é tão importante quanto reciclar sacolinhas e todas as centenas de quilos de lixo que produzimos todos os dias!

PS 2: Fiquei pasma ao ver muitos supermercados vendendo sacolas recicláveis! Já que essa opção existe, porque não oferecê-las aos seus clientes gratuitamente? A velha “Lei de Gerson”... Essa tá difícil de reciclar...

Publicado em 05/01/2012, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).