quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Caça às bruxas e bruxos...

Acredito que a maioria dos leitores lembra-se desta fase obscura de nossa civilização! Claro que isso já faz muito tempo. Na época da inquisição, toda e qualquer pessoa que não concordasse com os preceitos da Igreja Medieval, ou fosse um curandeiro ou benzedeiro, enfim, alguém que afirmasse ou se comportasse da maneira diferente das regras que a sociedade da época impunha, era considerado um bruxo ou uma bruxa e queimado em praça pública!

Na semana passada, tivemos um episódio hediondo e medieval. Três rapazes se viram no direito de atacar, bater e, se pudessem, até queimariam, outros três rapazes que caminhavam na grande e moderna Avenida Paulista (região central de uma das maiores cidades da América Latina), por não gostarem do fato destes moços serem gays. Os vilões assumiram esta postura com a maior naturalidade, pelo que se pode ver nas gravações de câmeras próximas ao local.

Bem, estes “seres medievais” foram presos e soltos praticamente 24horas após o ocorrido. Mesmo com testemunhas, gravações e depoimentos, nada impediu que eles ficassem impunes. Depois de ocorrido esse fato, pipocaram na mídia mais e mais casos de homofobia em todo o país.

O Brasil é conhecido pela sua diversidade de etnias, sua “convivência pacífica” com as centenas de imigrantes que para cá vieram no século passado: italianos, portugueses, japoneses e chineses, sem falar dos negros que foram trazidos como escravos e dos índios que já viviam aqui. Temos a fama de um povo acolhedor. Será que isso é só uma propaganda enganosa? Onde está nossa tolerância para com as diferenças?

Somos capazes de tolerar a miséria, a fome, a falta de moradia, saúde, educação, empregos, e uma centena de outras atrocidades. Mas a diversidade sexual e, muitas vezes, étnica, não!

Preconceito e intolerância são ingredientes perfeitos para tornar uma sociedade primitiva, agressiva e passível de dominação pelo primeiro “louco” que aparecer. Cuidado, qualquer um de nós pode ser a próxima vítima!

Publicado em 25/11/2010, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´ de Marília (SP), da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Nostalgia ‘high tech’

Esta semana, senti uma nostalgia ‘high tech’ ao ler um artigo sobre “robôs cuidadores”. Você se lembra do desenho animado dos Jetsons ou do seriado Perdidos no Espaço, ambos dos anos 60? Neles, os robôs, que eram considerados como membros da família, é que faziam os serviços domésticos. Bem, com certeza, essa possibilidade parecia apenas um sonho de consumo e comodidade para todos. Mas, como a realidade imita a arte e vice-versa, parece que o sonho se tornou real.

O artigo falava sobre uma universidade em Taiwan que desenvolveu um robô capaz de reconhecer o seu dono e oferecer serviços segundo seus gestos, circunstâncias que permitem seu uso no cuidado de idosos e no serviço doméstico. O robô, denominado “Primeira Visão”, é produto de 13 tecnologias desenvolvidas por um grupo de pesquisadores da Universidade Chiao Tung.

Segundo um dos participantes do projeto, o sistema de visão digital do robô permite que ele se lembre de seu dono, reconheça seus gestos e situação física e reaja adequadamente. Após uma fase de treino, o robô pode responder a gestos como o pedido de remédios, comida ou auxílio, o que o transforma em uma ferramenta útil para o cuidado de idosos.

Os novos “cérebros mecânicos” desenvolvidos em Taiwan também distinguem os membros de uma família de estranhos e podem ser utilizados como vigilantes, com capacidade para avisar a Polícia e seguir os intrusos que penetrarem em uma residência.

As investigações atuais deste ramo científico se centram na inteligência artificial, na visão artificial e na robótica autônoma. A robótica procura construir artefatos semelhantes aos seres humanos para realizar trabalhos rotineiros, mas os resultados até o momento são limitados.

Mas não se preocupe. Um robô nunca vai substituir um ser humano, cheio de amor e carinho. Mas que vai dar uma força no “serviço pesado”, não resta dúvidas!

PS. Enquanto essa tecnologia não vem ao Brasil, continuo torcendo para que “boas almas” doem seu tempo para ajudar a quem precisa.

Publicado em 18/11/2010, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´ de Marília (SP), da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 11 de novembro de 2010

Cuidadores voluntários

Recebi recentemente um e-mail alarmante relatando o descaso para com uma senhora de 82 anos que sofreu uma grave queda em frente a um ambulatório médico público em São Paulo. O e-mail foi enviado por Dna. Anisia Spezia, 64, moradora na zona norte da cidade.

Ela conta que perguntou à senhora se ela estava com um acompanhante, mas ela respondeu ter ido só à sua consulta. Estava muito ferida, com hematomas, e sangrando. Ao procurar por ajuda, ninguém do complexo hospitalar, nenhum segurança ou funcionário, se prontificou a ajudar. Sequer uma cadeira de rodas foi disponibilizada para levá-la ao Pronto Socorro. Outra senhora, um pouco mais jovem, se prontificou a ajudá-la. Depois de uma radiografia constatando não haver fraturas e um rápido curativo nos ferimentos, foi dispensada para “voltar para casa”.

“Sozinha?”, argumentou, chocada, Dna. Anisia. Um médico lhe respondeu que ela já tinha prestado o socorro que podia àquela senhora e que outra alma caridosa deveria dali pra frente fazer com que ela chegasse à sua casa.

Todos nós temos um vizinho, um amigo, um parente, ou mesmo alguém que não conhecemos e que precisa de nossa ajuda. Que tal doarmos algumas horas do nosso dia para quem precisa?

Claro que esta atitude não isenta os órgãos públicos de reverem sua postura e necessidade de atendimento para os idosos que não tem a quem recorrer. Todos nós somos cidadãos e temos direito a este auxílio público e devemos lutar por isso.

Mas também, enquanto as coisas não mudam, e infelizmente não vão mudar tão cedo, cada um de nós pode ser um agente social transformador. O item mais importante e necessário para mudarmos a nossa sociedade é termos consciência da realidade em que vivemos e solidariedade para com o próximo.

PS. Se você pode e quer doar um pouco do seu tempo a quem precisa, você pode se cadastrar no Mural de Cuidadores Voluntários do Portal Terceira Idade: http://campanha-cuidadorvoluntario.blogspot.com/. O mural disponibiliza voluntários de várias cidades do Brasil.

Publicado em 11/11/2010, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´ de Marília (SP), da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Campanha “Bola do Bem”

Você deve estar curioso para saber que campanha é essa... Pois bem, essa é uma campanha onde a “bola” que você vai passar pra frente é a “bola do bem”.

Domingo passado, tivemos o resultado das eleições. Sem entrar em detalhes partidários, como em todo “jogo”, sempre há um perdedor e um vencedor. Porém, o que mais me chateou foi observar que o maior problema dos nossos políticos foi a falta de coerência e fundamento em suas plataformas, num momento tão importante para o nosso país, além da falta destas atitudes dentro dos seus próprios partidos e mesmo para com seu oponente.

Depois de ouvir muitas opiniões e críticas sobre a eleição nas ruas, na TV, nos bares, resolvi sentar para tomar um cafezinho e comecei a pensar na vida, e me perguntei: “Será que o mais importante é ganhar, ou aprender a viver a vida juntos, com sabedoria e parceria, onde todos podem sair ganhando?”

Lembrei-me, então, de um filme que eu já havia assistido, “A Corrente do Bem”, um filme no qual um menino de 12 anos cria o seguinte desafio para si e para todos ao seu redor: conseguir fazer para três pessoas, sejam elas quais forem, algo muito especial, algo que elas não conseguiriam fazer por si só e, daí pra frente, essas pessoas fariam por mais três pessoas o mesmo, e assim por diante. Não vou contar o resto do filme, senão perde a graça...

Bem, depois que o filme terminou, tive mais uma vez a certeza de que o mais importante não é ganhar ou perder, mas, sim, viver e ajudar àqueles que estão sem rumo a tentarem novamente. Porém, não adianta dar o “peixe” e sim a “vara de pescar” e, mais importante, com muito amor e carinho.

Que tal experimentar? Observe uma, duas, três ou mais pessoas, as quais você acha que poderia realmente ajudar a viver de verdade. Passe essa bola pra frente!

“Embora ninguém possa voltar atrás e fazer um novo começo, qualquer um pode começar agora e fazer um novo fim”, Chico Xavier.

PS. Vamos torcer para que a nova presidente eleita também participe desta campanha.

Publicado em 04/11/2010, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´ de Marília (SP), da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).