quinta-feira, 25 de fevereiro de 2016

Singapura não é aqui...

Imagine uma situação na qual um idoso sai de um supermercado, sem pagar, e é acusado de furto. No caso, o idoso é senil, e a cena, quase sempre, é bastante constrangedora – para o idoso e para quem a presencia.

Respeito

Bem, existe um lugar no mundo onde essa cena será encarada – e tratada – com o devido respeito. Em Singapura foi criado o primeiro bairro adaptado para idosos, com moradores qualificados para atender a todas as necessidades dos idosos, especialmente as dos que estão senis.

São cerca de dois mil voluntários, estudantes e equipes de atendimento ao público em lojas, restaurantes, hospitais e igrejas, todos treinados para saber a maneira mais eficiente de interagir com o público da terceira idade.

Segundo o jornal Straits Times, a iniciativa foi fruto da parceira da Prefeitura de Yishun, uma das cidades que tem a maior proporção pessoas com mais de 65 anos do país – 10% de seus 20 mil habitantes –, com o Khoo Teeck Hospital e a Lien Foundation.

O tratamento é direcionado para que não haja constrangimento nem estigmas para aqueles que inspiram cuidados. Assim, caso algum morador se perca, haverá um instrutor preparado para ajudar, ou, caso saia de um estabelecimento sem pagar, não será acusado de furto.

Semáforos

Até nos semáforos Singapura encontrou uma boa maneira de facilitar a vida dos idosos na hora de atravessar a rua. Pessoas com mais de 60 anos ou alguma deficiência podem obter um cartão especial para andar nos ônibus e trens, similar ao nosso Bilhete Único. Esse mesmo cartão pode ser usado em leitores existentes em semáforos especiais para pedestres. Ao detectar o cartão como válido, o semáforo automaticamente estende o tempo por até 13 segundos.

PS 1. Curitiba está testando um sistema de semáforo similar ao de Singapura (por enquanto, somente em uma unidade piloto...)

PS 2. Parafraseando o refrão “O Haiti não é aqui”, da música “Haiti”, de Caetano Veloso, Singapura não é aqui... Mas bem que poderia...

Publicado em 25/02/2016, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

Será que ‘Veja’ resolve?

“Estudo na Costa do Marfim diz que adoção de órfãos é pratica seguida até por chimpanzés do sexo masculino”. Eu tinha guardado este artigo há muito tempo. De repente, resolvi arrumar minha bagunça e eis que ele surgiu na minha frente.

Não pensei duas vezes para destacar este fato como exemplo de compaixão e amor incondicional no mundo animal versus o mundo “humano e civilizado”.

Aconteceu um caso muito bizarro, há alguns anos atrás, ao qual todas as mídias deram um grande enfoque! Um médico, completamente doente e inescrupuloso, oferecia o tratamento de inseminação artificial para mulheres que não podiam ter filhos. Só que, durante os procedimentos, ele as estuprava, além de cobrar mais 200 mil reais pelo seu “trabalho”.

Mais absurdo ainda foi o fato das mulheres que foram vitimas deste algoz terem se calado por um bom tempo, com medo que o dito médico não desse prosseguimento ao tratamento. Me pergunto: “A que ponto chega a obsessão do ser humano por ter filhos com seus genes e ‘seu sangue’?”

Se para algumas pessoas a mãe natureza não propiciou este “dom”, seria tão absurdo pensar em adotar uma criança? Ainda mais em um país como o nosso, onde há milhares de órfãos esperando por um lar!

Os chimpanzés da Costa do Marfim estariam mais evoluídos do que nós, no que tange a valores éticos e morais?Talvez, sim! E, além disso, chimpanzés e outros animais não matam por puro prazer, não abandonam sua prole, não criam guerras para vender armas,vírus para vender remédios, não utilizam o dinheiro como fator decisivo para avaliar quanto vale a vida do seu próximo, etc., etc., etc...

Bem, e, agora que o Carnaval acabou, o que vamos fazer? Sentar e esperar o feriado da Páscoa, Corpus Christi, continuar torcendo pra quem sai e quem fica no BBB, assistir, todos os dias, mais e mais matérias sobre a corrupção de nossos governantes, o vírus da Dengue, Zika... Ou levantar e sair atrás de soluções reais para todos estes problemas?

PS 1: Eu não sei bem qual produto vai conseguir limpar a casa... Mas sei que tem que limpar...
PS 2: Será que ‘Veja’ resolve?

Publicado em 18/02/2016, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Começo, meio e fim...

No meio de tantos escândalos políticos, fim do carnaval, inflação, epidemias do Aedes aegypti, Zica, alta e baixa do dólar, desemprego, represas desabando, e tantas outras tragédias e misérias, me surgiu uma preocupação, talvez muito subjetiva para esses tempos de cólera... Conversando com uma pessoa mais velha, ela me disse: “Nesta vida, é bom aproveitar o meio, pois o começo e o fim, todos sabem, são irremediáveis, nada é para sempre”.

Um pensamento tão simples e claro me fez refletir bastante sobre a vida. Quando crianças, achávamos que nunca iríamos crescer, nos tornarmos adolescentes, adultos e, então, envelhecemos. Tudo sempre pareceu que era para sempre. Até quando arrumamos um emprego, casamos, criamos uma família, fazemos amigos, sempre acreditamos que tudo vai ser eterno, inclusive nossa própria vida!

Dizem que tanto as coisas boas quanto as ruins não duram para sempre. Está aí mais um ditado popular muito sábio. Depois dessas reflexões, me animei bastante, por incrível que pareça! Claro que os medos e inseguranças continuam!

Mas, olhando pelo outro lado da moeda, lembrei, mais do que nunca, que o mais importante é viver “o aqui e agora”, já que o ontem já foi e o amanhã ainda não chegou!

E falando em amanhã, “senta que lá vem estória...”. As eleições para prefeitos e vereadores vêm chegando! O mesmo blá blá blá de sempre, horário eleitoral, musiquinhas de campanha, candidatos dando beijinhos nas crianças e promessas e mais promessas...

Já estou me sentindo como quando acordo mais tarde e acabo pegando o fim da feira, aí, tenho que ficar garimpando e torcendo para achar um limão, uma cebola ou uma laranja que não esteja podre, passada ou muito verde... Agora, resta torcer para que na próxima vez eu acorde mais cedo e possa escolher o que eu realmente acho que é bom! Será que vou encontrar?

PS 1: Qual candidato vai ter o melhor enredo?
PS 2: No Brasil, vivemos um eterno Carnaval, cheio de palhaços, dentro e fora do salão!

Publicado em 11/02/2016, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

“Mais do mesmo”...

Agora que estamos finalmente a alguns dias do Carnaval, lembrei-me das belas marchinhas que tocavam nos anos 60, entre elas, uma que cai muito bem para os tempos de hoje, ontem e quem sabe até quando! ‘Máscara Negra’, interpretada por Dalva de Oliveira, quando ela canta: “mais de mil palhaços no salão...”.

E fora do salão? Talvez sejamos mais de duzentos milhões de palhaços! Parece duro falar assim, mas que outra conclusão posso tirar de um país onde a miséria rola solta e os donos do circo estão no poder? Inclusive, estes nem de fantasia precisam, pois já usam suas “máscaras negras” o ano inteiro...

Mas vamos curtir a folia, porque só Deus sabe o que vem depois... Li uma pesquisa que cita o surgimento do Carnaval como uma festa que já existia dez mil anos antes de Cristo, quando os povos que habitavam as margens do rio Nilo, no Egito, comemoravam suas colheitas. Os homens daquela época entravam em estado de utopia através da comemoração. No momento da festa, se desligavam das coisas ruins e saudavam as que lhes pareciam boas, com danças e cânticos para espantar as forças negativas.

Para os foliões de hoje, me parece que o sentimento de utopia é idêntico! Seguindo as antigas tradições, durante a semana do Carnaval não existem problemas políticos ou sociais, existe apenas a visão de mulheres quase nuas desfilando sem parar!

Algumas escolas de samba ainda falam da realidade do Brasil e contam nossa história através de seus belos enredos. Porém, os grandes patrocinadores tornam este momento único em um “Carnaval para inglês ver”!

PS 1: “Tanto riso, oh, quanta alegria”, “Mamãe, mamãe eu quero, mamãe eu quero mamar”, “Ó abre alas, que eu quero passar”...

PS 2: Você já escolheu sua fantasia? Tem máscara da Dilma, do Lula, do Eduardo Cunha, da galinha pintadinha...

PS 3: O último que sair nem luz vai ter pra apagar! Água, só se for Perrier...

Publicado em 04/02/2016, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).