quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

“Mais de mil palhaços no salão”: parte 1, parte 2...

Há algumas semanas atrás, os PMs do Espírito Santo estavam em greve! Dezenas de pessoas morreram neste período, houve vandalismo no comércio, assalto e roubo nas ruas em plena luz do dia. Na semana passada foi a vez dos PMs de Minas Gerais e Rio de Janeiro, cogitando entrar em greve também!

De repente, não entendo bem como, parece que tudo voltou à normalidade, coincidentemente às vésperas do Carnaval...

Não posso deixar de citar, também, o arroz com feijão diário nas mídias sobre corrupções, desvios de dinheiro de órgãos governamentais, trocas de ministros, desemprego, inflação, além das propostas por parte do governo para aumentar – de uma maneira estúpida – o tempo de trabalho para se aposentar.

Mas tudo bem. Não vamos falar de coisas ruins, logo agora que estamos, finalmente, a alguns dias de um dos eventos mais esperados pelos brasileiros durante o ano inteiro!

Até lembrei das lindas marchinhas que tocavam nos anos 60, entre elas uma que cai como uma pluma para os tempos de hoje, Máscara Negra, interpretada pela magistral Dalva de Oliveira, quando ela canta “Mais de mil palhaços no salão”...

Li uma pesquisa que cita o surgimento desta data como uma festa que já existia dez mil anos antes de Cristo, quando os povos que habitavam as margens do rio Nilo, no Egito, comemoravam suas colheitas. Os homens daquela época entravam em estado de utopia através da comemoração – no momento da festa, se desligavam de tudo!

Para os foliões de hoje, me parece que o sentimento de utopia é idêntico! Seguindo as antigas tradições, durante a semana do Carnaval não existem problemas políticos ou sociais, existe apenas a visão de mulheres quase nuas desfilando sem parar!

Poucas escolas de samba ainda falam da realidade do Brasil e contam nossa história através de seus enredos. Os grandes patrocinadores tornaram este momento único em um “Carnaval para inglês ver”!

PS 1: “Quanto riso, oh, quanta alegria”? “Mamãe eu quero, mamãe eu quero, mamãe eu quero mamar”!

PS 2: Centenas de pessoas em várias capitais do Brasil estão fazendo o esquentamento do Carnaval. Tá tudo bem, tá tudo bom...

Publicado em 23/02/2017, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

Quem vem primeiro: a ordem ou o progresso?...

A educação em nosso país tem sido um problema grave ao longo de décadas. A cada ano que passa, a evasão nas escolas públicas aumenta cada vez mais. O aluno começa a estudar e depois, devido a problemas de falta de estrutura familiar e financeira, acaba saindo da escola, mesmo antes de acabar o primeiro semestre.

Tudo bem, esse fato já se tornou mais do que corriqueiro. Porém, já há um bom tempo, vem acontecendo, também, uma evasão escolar por parte dos professores, situação que a mídia pouco comenta.

Dados recentes indicam que são dadas 92 licenças por dia a professores da rede pública por estresse, crises nervosas e medo dos alunos. O que soma um total de 70% de licenças no Estado de São Paulo, já no primeiro semestre deste ano.

Quando uma criança pequena não quer ir à escola no primeiro dia de aula, isso é mais do que normal. Ou adolescentes que “matam” as aulas para ir ao cinema, faz parte... Mas os professores estarem com medo de ir à escola, aí a coisa é grave!

“Eu não quero mais voltar para a sala de aula”, diz Nadia de Souza, 54 anos, professora de história. Ela foi ameaçada de morte por um aluno e diz ter sido ameaçada outras quatro vezes, atingida por urina e, quase, por uma carteira jogada do terceiro andar da escola que lecionava. Hoje, Nadia está afastada, com depressão profunda e sem sair de casa há mais de um ano.

Bem, quem vem primeiro, a ordem ou o progresso? Os governantes vivem falando em capacitar mais os professores, dão merendas e uniformes para as crianças irem à escola! E o conhecimento, a estrutura como um todo – para os alunos e os professores –, eles dão também?

No dia a dia, nas ruas, nas periferias, as drogas rolam soltas, as famílias destes alunos estão desestruturadas devido à falta de emprego, moradia, saúde, valores humanos, etc., etc., etc... Como é possível esperarmos que uma criança ou um jovem que vive esta realidade se comporte como um ser civilizado dentro de uma sala de aula, se ele não é considerado um ser humano fora dela?

PS 1: Enquanto isso não mudar, a barbárie vai continuar atingindo a todos nós!

PS 2: Infelizmente, o problema está na estrutura... Será que vamos precisar colocar um engenheiro civil na presidência do Brasil?

Publicado em 16/02/2017, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2017

Bendita Tia Benedita...

Conheci, já há algum tempo, uma senhora de 88 anos, que chamo carinhosamente de Tia Benedita. Comecei a frequentar mais sua casa e pude observar melhor a sua maneira de lidar com a vida.

Para minha surpresa, percebi, em pequenas e simples conversas sobre suas flores e seus biscoitos, os problemas de saúde que foram surgindo com sua família e com ela mesma.

Tia Benedita tem vários filhos. Infelizmente, já perdeu uma filha de 60 anos devido a um câncer e, agora, outra filha está passando pela mesma situação...

Mais uma vez, me surpreendi com sua maneira sábia de lidar com a questão. “A gente tem que ter fé e segurar a onda da família, estou pronta para o que der e vier! A vida é só uma passagem, não vamos levar nada daqui, a não ser os momentos de amor e carinho para com nossos semelhantes. Eu não sei por que as pessoas complicam tanto esta breve viagem”, disse Benedita.

Tenho tantas coisas para falar sobre ela que não caberiam nesta coluna. Em um passeio recente que fizemos juntas, tomamos sorvete, conversamos sobre o calor e a alteração do clima. A tia ficou empolgada com os vários sabores, levou mais de 10 picolés pra casa – e saiu feliz como uma criança!

Voltando ao mundo que chamamos de real... As guerras continuam matando e destruindo pessoas e países, a fome e o desemprego não param de crescer, o individualismo e a cegueira da humanidade aumentam cada vez mais, famílias brigam entre si por uma herança, uma casa – bens materiais que vão ficar...

Enquanto isso, governos gastam bilhões para descobrir se é possível viver em Marte. Pra quê? Não conseguimos viver em paz aqui em nossa casa, nossa linda Terra! E ainda dizem por aí que vivemos no século das maiores descobertas científicas e tecnológicas que poderiam beneficiar a nós mesmos...

PS 1: Enquanto isso, os smartphones estão ficando cada vez mais rápidos e inteligentes e cheios de atualizações...

PS 2: Tia Benedita me ensinou que a borra do café é um ótimo adubo para as plantas!

Publicado em 09/02/2017, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Trumps tupiniquins...

O Brasil sempre foi elogiado e reconhecido por ser um país que recebe, sem discriminação, imigrantes do mundo inteiro. Andamos pelas ruas e facilmente encontramos italianos, japoneses, árabes e portugueses. Sentimos que estamos na famosa “Torre de Babel”.

Porém, a teoria na prática é outra! Quantas vezes você já ouviu ou falou frases do tipo: “Puxa o ´japa´, meu vizinho, é um chato”, ou “Aquele ´branquela´ é um arrogante”. Sem contar outras piadinhas sacanas como: “Quando é que o negro vai à escola?...”, ou “O português atendeu o celular e perguntou: ´Como sabias que eu estava em um motel?´...”

No início é tudo brincadeirinha, depois vira um hábito, uma atitude constante e, num piscar de olhos, você se torna um discriminado ou um discriminador.

Agora, mais do que nunca, a descriminação se tornou coisa de primeiro mundo! O presidente recém-eleito dos EUA, Donald Trump, tem usado do discurso do nacionalismo e da segurança nacional para incitar todo e qualquer tipo de discriminação com os imigrantes em seu país, legais ou ilegais, e até mesmo com seus cidadãos.

Começou a “caça as bruxas”. Alguém se lembra do tempo da inquisição? Se você não fosse adepto da religião predominante em Portugal ou na Espanha ia pra fogueira como herege e bruxa! Nos EUA, os maus elementos são os mexicanos, negros, muçulmanos – todos são culpados até que se prove o contrário.

A história do nosso planeta é feita de guerras e os argumentos para justificá-las sempre foram os mesmos: “O meu povo é melhor que o seu”, ou “A minha religião é a única verdadeira”, “Precisamos preservar a economia nacional”...

E cadê a globalização? A união Europeia está por um fio. Colocam a culpa nos imigrantes. Porém, todo e qualquer país é feito de imigrantes. Será que a culpa não está nos governantes, que usam todo o dinheiro ganho com impostos e o PIB apenas em seu próprio benefício?

PS 1: Cuidado! Os Trumps Tupiniquins logo, logo vão surgir!

PS 2: Viva a pizza, o quibe, o sushi, o acarajé, o beirute, etc., etc., etc...

Publicado em 02/02/2017, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).