quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

A origem...

É Natal! E todos nós somos envolvidos por essa emoção coletiva, cheia de símbolos sobre os quais, na maioria das vezes, não sabemos como surgiram!

O Natal é a data em que comemoramos o nascimento de Jesus Cristo. Na antiguidade, era comemorado em datas diferentes, pois não se sabia com exatidão a data do nascimento de Jesus. Foi somente no século IV que o 25 de dezembro foi estabelecido como a data oficial de comemoração do evento.

Na Roma Antiga, o 25 de dezembro era a data em que os romanos comemoravam o início do inverno. Portanto, acredita-se que haja uma relação deste fato com a oficialização da comemoração do Natal.

As antigas comemorações de Natal costumavam durar até 12 dias, pois este foi o tempo que levou para os três reis Magos – Belchior, Baltasar e Gaspar – chegarem até a cidade de Belém para entregar os presentes (ouro, mirra e incenso) ao menino Jesus.

A figura de nosso querido e bom velinho foi inspirada num bispo chamado Nicolau, que nasceu na Turquia em 280 d.C. O bispo, homem de bom coração, costumava ajudar as pessoas pobres, deixando saquinhos com moedas próximos às chaminés das casas.
Foi transformado em santo – São Nicolau – pela Igreja Católica, após várias pessoas relatarem milagres atribuídos a ele.

Até o final do século XIX, Papai Noel era representado com uma roupa de inverno na cor marrom ou verde escura. Em 1886, o cartunista alemão Thomas Nast criou uma nova imagem para o bom velhinho: a roupa nas cores vermelha e branca, com cinto preto.

De repente, surge, em 1931, uma campanha publicitária da Coca-Cola, mostrando um Papai Noel com o mesmo figurino criado por Nast – por acaso, com as cores do refrigerante...

Agora que descobri a suposta origem do Natal e no que ele acabou se tornando ao longo dos séculos, me pergunto: Qual será o nosso destino? Carnês e mais carnês das Casas Bahia? Compras voluptuosas nos supermercados para a grande Ceia?

PS 1: Cadê o menino Jesus?
PS 2: Papai Noel existe! Mas, felizmente, não está na loja mais próxima...

Publicado em 18/12/2014, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

Qual é o “pobrema”?

Você lembra como se sentiu quando leu ou escreveu pela primeira vez? É bem provável que não, parece até que já nascemos lendo e escrevendo! Mas, com certeza, deve ter sido um momento mágico.

Num país como o Brasil, onde existem milhares de analfabetos e falta de escolas públicas, chega a ser um privilégio poder ler e até escrever. Não bastasse esta realidade cruel que nossas crianças e adultos vivem já há muitos e muitos anos, ainda somos pegos de surpresa por uma nova corrente educacional, que defende a ideia de que não existe certo ou errado na língua portuguesa.

Para este grupo de pessoas, que tem a coragem de se denominar pedagogos, chamar a atenção de um aluno que escreve ou fala gramaticalmente errado é um “preconceito linguístico”. Adotado nas aulas de português para milhões de estudantes do ensino fundamental, o livro “Por uma Vida Melhor” é uma amostra desta insanidade acadêmica.

Heloisa Ramos, uma das autoras desta obra insana, cita no livro: “Você pode estar se perguntando: ‘Mas eu posso falar ‘os livro’?’, ou ‘Nós pega o peixe?’. Claro que pode”. O erro crasso de concordância é apenas uma “variação popular”, diz a autora. E mais, ela ainda diz que a língua culta, ou seja, a gramática que rege as regras de nossa língua portuguesa, é um “instrumento de dominação das elites”...

Eu fiquei totalmente pasma com estas afirmações e, pior ainda, saber que o Ministério da Educação autorizou a edição do tal livro e sua distribuição para as escolas públicas. Aonde o nosso governo que chegar com essa atitude?

Banalizar a educação e destituir-se da responsabilidade de propiciar um estudo básico para nossas crianças e jovens carentes até que parece ser uma boa saída para os governantes se eximirem de investir em nossa educação e poder falar cada vez mais que somos um “país emergente”...

PS 1: Se persistirem os sintomas... Vamos ter um grande “pobrema”!

PS 2: Se você ainda não leu o livro “Ratos e Homens” (de John Steinbeck, Ed. L&PM), este é um bom momento!

Publicado em 11/12/2014, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Saindo do armário... Voltando para o armário...

Desde o tempo que o homem primitivo desceu das árvores, há milhares de anos, e “evoluiu”, adquiriu uma série de qualidades. E defeitos... Um deles – talvez o pior –, o preconceito. Da cor da pele à religião, de preferências políticas à escolha do time de futebol, gordos, magros, pobres, velhos, enfim, não faltam motivos para o “homo sapiens” ter preconceitos. E um dos mais tristes e injustos na sociedade atual é o preconceito contra os homossexuais.

Este ganha um caráter duplamente preocupante quando se trata da homossexualidade na 3ª idade. Sim, o homossexual também envelhece...

No último Congresso Brasileiro de Geriatria e Gerontologia, realizado entre 29 de abril e 3 de maio de 2014, no Pará, a psiquiatra Carmita Abdo, professora da USP (Universidade de São Paulo), divulgou dados de uma pesquisa mostrando que o preconceito e o descaso que atingem os idosos brasileiros se tornam ainda mais graves no caso dos homossexuais.

Enquanto a estimativa de depressão entre idosos heterossexuais (homens e mulheres) é de 13,5%, entre as lésbicas esse número sobre para 24% e, entre os gays, chega a 30%.

Quando o antropólogo Luiz Mott, 68, era adolescente, nos anos 1960, disseram-lhe que todo homossexual estaria condenado à solidão na velhice, “vegetando sozinho e abandonado, em um quartinho sombrio de uma pensão de quinta categoria”. Hoje, ele acredita que esses antigos ensinamentos tinham por propósito apenas assustar os jovens tentados a “sair do armário”.

No entanto, gays ainda enfrentam um ambiente que lhes impõe muitos obstáculos a uma velhice tranquila e digna. Muitos idosos e idosas homossexuais são obrigados a “voltar para o armário” quando envelhecem, pois precisam receber cuidados de pessoas homofóbicas. Basta ligar para vários asilos e casas de repouso do país e perguntar se lá existe algum gay, lésbica ou travesti idoso morando. A resposta será sempre “não”.

PS. Vamos torcer para que a próxima evolução do homem – um “homo um pouco mais sapiens” – venha sem preconceitos...

Publicado em 04/12/2014, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).