domingo, 20 de maio de 2018

Bendita Tia Benedita...



“Não sei por que as pessoas complicam tanto esta breve viagem...” A reflexão é de uma senhora de 88 anos que conheci, já há algum tempo, que chamo carinhosamente de Tia Benedita. Comecei a frequentar mais sua casa e pude observar melhor a sua maneira de lidar com a vida.

Para minha surpresa, percebi, em pequenas e simples conversas sobre suas flores e seus biscoitos, os problemas de saúde que foram surgindo com sua família e com ela mesma.

Tia Benedita tem vários filhos. Infelizmente, já perdeu uma filha de 60 anos devido a um câncer e, agora, outra filha está passando pela mesma situação...

Mais uma vez, me surpreendi com sua maneira sábia de lidar com a questão. “A gente tem que ter fé e segurar a onda da família, estou pronta para o que der e vier! A vida é só uma passagem, não vamos levar nada daqui, a não ser os momentos de amor e carinho para com nossos semelhantes. Eu não sei por que as pessoas complicam tanto esta breve viagem”, disse Benedita.

Tenho tantas coisas para falar sobre ela que não caberiam nesta coluna. Em um passeio recente que fizemos juntas, tomamos sorvete, conversamos sobre o calor e a alteração do clima. A tia ficou empolgada com os vários sabores, levou mais de 10 picolés pra casa – e saiu feliz como uma criança!

Voltando ao mundo que chamamos de real... As guerras continuam matando e destruindo pessoas e países, a fome e o desemprego não param de crescer, o individualismo e a cegueira da humanidade aumentam cada vez mais, famílias brigam entre si por uma herança, uma casa – bens materiais que vão ficar...

Enquanto isso, governos gastam bilhões para descobrir se é possível viver em Marte. Pra quê? Não conseguimos viver em paz aqui em nossa casa, nossa linda Terra! E ainda dizem por aí que vivemos no século das maiores descobertas científicas e tecnológicas que poderiam beneficiar a nós mesmos...

PS 1: Enquanto isso, os smartphones estão ficando cada vez mais rápidos e inteligentes e cheios de atualizações...

PS 2: Tia Benedita me ensinou que a borra do café é um ótimo adubo para as plantas!

Publicação especial (Maio/2018)

quinta-feira, 10 de maio de 2018

Temos várias mães...

Mães, avós, bisavós, todas são mães. Filhas, netas e bisnetas também se tornam mães de suas mães. É um ciclo maravilhosamente interminável.

Há vários tipos de mães: a que cozinha, lava e passa, a que trabalha fora, a que é mãe coruja, a mãe brava, a mãe que cria seus filhos sozinha, além das mães que criam os filhos de outras mães.

Bem, dizem que a mulher já nasce com o instinto natural de mãe. Ela é aquela que protege, luta e aninha seus filhotes.

Neste domingo, dia 13 de maio, comercialmente vamos comemorar mais um Dia das Mães. Promoções nas lojas, restaurantes, shoppings, tudo para comprar um presente para sua mãe ou levá-la para almoçar, passear... Enfim, o comércio ganha muito com esta data.

Mas será que esta é a melhor maneira de homenagear todas as mães de todas as idades? Quantas vezes nos esquecemos, ao longo do ano e no nosso dia a dia tão corrido, de dar um beijo, ligar, ou visitar nossa mãe? Esquecemos até o mais importante: foi ela que nos deu a luz.

Então me pergunto: como é possível que tantos homens agridam suas companheiras, filhas, empregadas e até mulheres desconhecidas? Será que estes homens não pensam que, no fundo, estão agredindo suas próprias mães?

Mesmo sendo uma data a se comemorar, acho bom sempre refletirmos um pouco sobre como a nossa sociedade ainda age de maneira tão primitiva em relação às mulheres, que são naturalmente nossas mães.

Uma curiosidade... “Estudo na Costa do Marfim diz que adoção de órfãos é pratica seguida até por chimpanzés do sexo masculino”. Eu tenho guardado este artigo há muito tempo, mas sempre vale destacar este fato como exemplo de compaixão e amor incondicional no mundo animal versus o mundo “humano e civilizado”.

Parabéns a todas as mães do mundo, hoje, ontem e sempre! Mãe é mãe, sempre! Todos os dias da semana, do mês e do ano!

PS: Os chimpanzés da Costa do Marfim estariam mais evoluídos do que nós, no que tange a valores éticos e morais e à visão do que é realmente viver em uma sociedade?

Publicação especial para o Dia das Mães (Maio/2018)

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018

Réu ou vítima?


A educação em nosso país tem sido um problema grave ao longo de décadas. A cada ano que passa, a evasão nas escolas públicas aumenta cada vez mais. O aluno começa a estudar e, depois, devido a problemas de falta de estrutura familiar e financeira, acaba saindo da escola, mesmo antes de acabar o primeiro semestre.

Infelizmente, esse fato já se tornou corriqueiro. Porém, já há um bom tempo, vem acontecendo, também, uma evasão escolar por parte dos professores – situação que a mídia pouco comenta.

Dados recentes indicam que são dadas 92 licenças por dia a professores da rede pública, por estresse, crises nervosas e medo dos alunos. O que soma um total de 70% de licenças no Estado de São Paulo.

Quando uma criança pequena não quer ir à escola no primeiro dia de aula, isso é mais do que normal – ou adolescentes que “matam” as aulas para ir ao cinema, tudo bem. Mas os professores estarem com medo de ir à escola, aí a coisa é grave!

“Eu não quero mais voltar para a sala de aula”, diz Nadia de Souza, 54 anos, professora de história. Ela foi ameaçada de morte por um aluno e diz ter sido ameaçada outras quatro vezes, atingida por urina e quase atingida por uma carteira jogada do terceiro andar da escola que lecionava. Hoje, Nadia está afastada, com depressão profunda e sem sair de casa há mais de um ano.

Bem, quem é o réu e quem é a vitima? Os governantes vivem falando em capacitar mais os professores, dão merendas, uniformes – até “Bolsa Família” –, se a criança for à escola...

Mas e no dia a dia, nas ruas, nas periferias, onde as drogas rolam soltas? As famílias destes alunos estão desestruturadas devido à falta de emprego, moradia, saúde, valores humanos, etc. Como é possível esperarmos que uma criança ou um jovem que vive este esta realidade se comporte como um ser civilizado, dentro de uma sala de aula, se ele não é considerado um ser humano fora dela?

PS 1: Quem vem primeiro: o ovo ou a galinha?

PS 2: Enquanto nossa sociedade não mudar, a barbárie vai continuar atingindo a todos!

Publicado em 22/02/2018, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

“Mais de mil palhaços no salão...”

Dalva de Oliveira cantava essa música e mal sabia ela que estava tão certa!: “mais de mil palhaços no salão...”.

E fora do salão? Talvez sejamos mais de duzentos milhões de palhaços! Parece duro falar assim, mas que outra conclusão posso tirar de um país onde a miséria rola solta e os donos do circo estão no poder? Inclusive, estes nem de fantasia precisam, pois já usam suas “máscaras negras” o ano inteiro...

Agora que já curtimos a folia, só Deus sabe o que nos espera... Este ano, finalmente algumas escolas de samba falaram da nossa realidade!

O “Carnaval do Protesto” uniu sambódromo e folia de rua pelo país, com críticas contra políticos, judiciário e políticas públicas em escolas de samba do Rio e blocos de Salvador, Recife e Belo Horizonte. Já em São Paulo, as críticas foram mais tímidas, mas também existiram.

No Rio, a escola Beija-Flor traçou paralelo entre “Frankenstein”, de Mary Shelley, com o momento do Brasil. Ratos representaram políticos e sobraram críticas à criminalidade, ao sucateamento das redes de saúde e educação e à corrupção. Um dos carros encenou a violência cotidiana do Rio – em uma das encenações, alunos foram baleados, em outras, apareciam crianças em caixões e policiais mortos...

Li uma pesquisa que cita o surgimento do Carnaval como uma festa que já existia dez mil anos antes de Cristo, quando os povos que habitavam as margens do rio Nilo, no Egito, comemoravam suas colheitas.

Os homens daquela época entravam em estado de utopia através da comemoração. No momento da festa, se desligavam das coisas ruins e saudavam as que lhes pareciam boas, com danças e cânticos para espantar as forças negativas.

Para a maioria dos foliões de hoje, me parece que o sentimento de utopia é idêntico! Seguindo as antigas tradições, durante a semana do Carnaval não existem problemas políticos ou sociais, existe apenas a visão de mulheres quase nuas desfilando sem parar...

PS: “Tanto riso, oh, quanta alegria”, “Mamãe, mamãe eu quero, mamãe eu quero mamar”, “Ó abre alas, que eu quero passar”...

Publicado em 15/02/2018, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Vacinas, febre amarela e frações...


Quando falamos em frações, acredito que todo mundo – ou quase todos – tem arrepios quando se lembra desse assunto durante a época da escola...

O arrepio volta à tona, dessa vez não nas aulas de matemática, mas com relação à “vacina fracionada”.

Mais uma vez somos amedrontados pelo famigerado mosquito Aedes aegypti. Não bastasse os vírus da Dengue, Chikungunya e Zika, agora ele nos presenteia, também, com a febre amarela –parece que ele não quer nos dar descanso...

Centenas de cidades nas principais regiões do Brasil estão em estado de alerta, com equipes do Ministério da Saúde distribuindo vacinas contra a febre amarela – parece coisa de filme de ficção científica...

A informação que está sendo passada à população é que as pessoas que tomam a vacina ficam imunizadas por toda a vida. No entanto, o governo está oferecendo a vacina “de forma fracionada”, ou seja, por não terem a quantidade de vacinas necessária para toda a população, estão “dividindo” a dose integral em quatro ou cinco partes, aplicando somente essa pequena fração para cada pessoa vacinada – no entanto, essa fração tem uma validade de apenas 8 anos, necessitando ser aplicada novamente ao término desse período.

Mas o problema não reside apenas no fracionamento da vacina. Uma parcela sensível da população, a dos que têm mais de 60 anos, precisa ficar muito atenta à esta vacina.

Artigo publicado na Folha de S.Paulo no último dia 13 afirma que “idosos de São Paulo estão sendo vacinados contra a febre amarela sem avaliação médica sobre o estado de saúde e os riscos e benefícios da imunização, apesar de recomendação de entidades médicas”. Quando vacinadas pela primeira vez, pessoas acima de 60 anos correm mais risco de desenvolver uma doença semelhante à febre amarela, a chamada febre vacinal.

“A prática, no entanto, é menos criteriosa. A reportagem da Folha visitou postos de saúde numa das regiões mais afetada pelo atual surto da doença na capital de São Paulo e verificou que o controle de vacinação para idosos tem sido elementar”, conclui o artigo.

PS. Vamos torcer para que os responsáveis pela campanha de vacinação tenham ido bem em frações na escola...

Publicado em 25/01/2018, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

O florista foi ao barbeiro...


Recebi esta semana um texto muito interessante no meu WhatsApp... Em geral, recebo várias coisas que nem consigo ver – e outras que são meio bobagens. O título era exatamente este: “O florista foi ao barbeiro”. Pensei comigo mesma: “Deve ser mais alguma piadinha...”

No final do dia, abri o WhatsApp e li com calma a mensagem. Para minha surpresa, era um texto de Eça de Queiros, e mais, um texto muito inteligente e que cabe direitinho nos dias de hoje, ontem – e espero que o mesmo não seja tão verdadeiro para os dias futuros!

Transcrevo o texto, logo abaixo, e espero que vocês apreciem essa pequena pérola tanto quanto eu:


“O florista foi ao barbeiro para cortar seu cabelo. Após o corte, perguntou ao barbeiro o valor do serviço e o barbeiro respondeu: ‘Não posso aceitar seu dinheiro porque estou prestando serviço comunitário essa semana’. O florista ficou feliz e foi embora.

No dia seguinte, ao abrir a barbearia, havia um buquê com uma dúzia de rosas na porta e uma nota de agradecimento do florista. Mais tarde, no mesmo dia veio um padeiro para cortar o cabelo. Após o corte, ao pagar, o barbeiro disse: ‘Não posso aceitar seu dinheiro porque estou prestando serviço comunitário essa semana’. O padeiro ficou feliz e foi embora.

No dia seguinte, ao abrir a barbearia, havia um cesto com pães e doces na porta e uma nota de agradecimento do padeiro.

No segundo dia, veio um vereador para um corte de cabelo. Novamente, ao pedir para pagar, o barbeiro disse: ‘Não posso aceitar seu dinheiro porque estou prestando serviço comunitário essa semana’. O vereador ficou feliz e foi embora.

No dia seguinte, quando o barbeiro veio abrir sua barbearia, havia uma dúzia de vereadores fazendo fila para cortar cabelo.

Essa é a diferença entre os cidadãos e os políticos. ‘Os políticos e as fraldas devem ser trocados frequentemente e pela mesma razão.’
(Eça de Queirós)”


PS 1: Qualquer semelhança não é mera coincidência...
PS 2: Será que existem fraldas específicas para esse “povo”?
PS 3: Quem matou Odete Roitman? “Vale a pena ver de novo”...


Publicado em 18/01/2018, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Bate, bate, bate coração...

Li em uma recente pesquisa da OMS (Organização Mundial da Saúde) alguns dados que me deixaram preocupada. A América Latina, incluindo o Brasil, é uma das regiões de maior índice de mortes por enfarte. A pesquisa destaca que isso acontece devido ao alto índice de gorduras que se ingere, poluição, sedentarismo, tabagismo, álcool e, o mais importante, a falta de exames preventivos! Os males do coração, como tantas outras doenças, não tratados adequadamente são, na maioria das vezes, fatais.

É triste enxergar que todos os problemas de saúde acontecem, quase sempre, devido ao descaso. Concluo que a vida humana vale cada vez menos, já que o “índice” que avalia o seu valor é ter ou não condições de pagar planos de saúde, medicamentos, alimentação, escola, moradia, etc., etc., etc...

Haja coração, físico e emocional para conseguirmos viver sob esta constante pressão financeira e imoral que o Brasil nos impõe, a partir do momento que nosso governo praticamente se abstém de usar o dinheiro de nossos impostos para nos oferecer todos os serviços sociais aos quais temos direito – e eles, obrigação.

Segundo os conceitos da medicina oriental, o que regula todas as nossas emoções e sentimentos é o nosso “coração emocional”. Vivendo sob constante medo, tensão e insegurança, é muito difícil mantermos um equilíbrio...

Dizem por aí que o ano de 2018 começou! E agora? Vem o Carnaval, a Copa, as eleições... São tantas emoções... Percebo que as pessoas estão querendo ser otimistas e buscam acreditar que este ano vai ser melhor. Eu também tenho este sentimento, porém, tudo é uma consequência do que foi feito antes... Infelizmente, não vejo mudança alguma na política e, quando vejo, são mais e mais desastres econômicos e sociais!

E o nosso coração como fica? Bate forte, bate ansioso, bate temeroso, mas, como todo bom brasileiro tem que ser um malabarista, tenho fé de que vamos continuar nos segurando e tentando achar uma corda menos bamba...

PS 1: Já é tempo de fazer mais do que apenas reclamar e tentar se segurar...

PS 2: Não anule seu voto, anule os candidatos que não valem a pena!

PS 3: No meio do lixão, sempre achamos coisas úteis!

Publicado em 11/01/2018, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).