quinta-feira, 17 de setembro de 2015

PIB da felicidade...

Vários países, como a Inglaterra e a França, já discutem a ideia de que medições como o PIB (Produto Interno Bruto) não são suficientes para aferir o grau de desenvolvimento de uma nação e de que a felicidade deveria ser um fator a ser contabilizado também.

Mas como medir um fator aparentemente tão subjetivo? Curiosamente, pela primeira vez, a prefeitura de uma cidade americana chamada Somerville resolveu fazer um censo buscando saber a taxa de felicidade de seus habitantes e, a partir daí, traçar políticas públicas.

Daniel Gilbert, professor de psicologia da Universidade de Harvard, resolveu investigar cientificamente como o fator felicidade atua em nosso cérebro. A pesquisa foi realizada através da faculdade de saúde pública de Harvard, acompanhando cinco mil pessoas durante 20 anos, utilizando aparelhos de ressonância magnética e grupos de controle, dando, assim, caráter científico a práticas milenares como meditação e yoga. Também nos hospitais, foram feitos testes que demonstraram que pessoas felizes têm menos propensão a problemas do coração, hipertensão, diabetes e infecções.

O professor Gilbert pôde constatar cientificamente como determinadas sensações, sejam elas positivas ou negativas, desencadeiam reações biológicas em nosso organismo. Outra cientista da saúde, responsável pelo curso de ciência da felicidade de Harvard, Nancy Etcoff, também afirmou: “O trabalho voluntário aciona um sistema de recompensa muito maior no cérebro do que o cuidado intenso de muitas mulheres e homens com sua aparência física e seus bens materiais”.

Este tipo de conhecimento pode nos alertar sobre o fato de muitas vezes estarmos buscando a satisfação no lugar errado... Reconheço que, no Brasil, é muito difícil falar em felicidade quando ainda, vergonhosamente, falta alimento na mesa de muitos cidadãos. Talvez, no nosso caso, o segredo seja nos doarmos cada vez mais a quem precisa!

PS: Felicidade também é comer, beber, ter onde morar, ter dignidade...

Publicado em 17/09/2015, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 10 de setembro de 2015

Eu nego, nego tudo!

Alguém se lembra da belíssima novela ‘Vale Tudo’, com a maravilhosa atriz Beatriz Segall na personagem da vilã Odete Roitman e o grande ator Reginaldo Faria no papel de Marco Aurélio, também fazendo um papel de vilão, ambos com muito poder e dinheiro na trama? Puxa vida, cada vez que leio o jornal ou vejo o noticiário na TV, não consigo esquecer desta novela!

Toda semana, aparece na mídia um novo escândalo, uma denúncia e todos os políticos e demais cidadãos envolvidos repetem o mesmo refrão: “Eu nego, é tudo mentira!”. Acho que todos estudaram na mesma escola...

Mesmo com gravações mostrando esquemas de quadrilha, “Caixa 2”, lóbis no Planalto, eles negam, negam tudo! Se olharmos para tudo isso como uma mera ficção, podemos dizer que o enredo da trama está muito bom! Mas, por acaso, isso tudo que estamos vendo é a nossa realidade – e cada capítulo desta história vai interferir de verdade nas nossas vidas, nas vidas de nossos filhos, netos, bisnetos...

Sociólogos e analistas políticos divagam sobre o grande mal de não existirem mais os partidos de “esquerda” ou de “direita”. Tudo bem, está mais do que óbvio que isto é uma realidade! E será que este é o problema?

A política, como tudo se globalizou, ficou moderna, imediatista, individualista – todos querem um resultado rápido e eficaz.

Aí, me pergunto: “E como está o Brasil hoje? E daqui a dez, vinte ou trinta anos?”. Ainda sentimos na pele a questão de problemas sociais não resolvidos desde os tempos de Dom Pedro I.

Nossos governantes continuam negando seu o apoio a políticas verdadeiras para a sustentabilidade de nosso país e de nossos cidadãos – e, o pior, eles negam que estão negando o seu dever!

PS: “Chega a fazer suspeitar que a mentira é, muitas vezes, tão involuntária como a transpiração” (Machado de Assis, em seu clássico ‘Dom Casmurro’).

Publicado em 10/09/2015, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 3 de setembro de 2015

Brasil: com “s” ou com “z”?

A história que aprendemos desde crianças na escola é que no dia 7 de Setembro de 1822, próximo ao riacho do Ipiranga, Dom Pedro levantou a espada e gritou: “Independência ou Morte!”.

Pouco se comenta que o povo, na época, nem sequer acompanhou ou entendeu o significado da independência. A estrutura agrária continuou a mesma, a escravidão se manteve e a distribuição de renda continuou desigual. A elite agrária, que deu suporte a D. Pedro I, foi a camada que mais se beneficiou.

Estamos falando da história do Brasil, mas todos estes fatos me remetem aos dias de hoje. O nosso país continua sendo extremamente desigual – em todos os sentidos: econômico, social e político. Quem não gostaria de ser independente, ter o direito ao seu sustento, morar, estudar, trabalhar, ter acesso a hospitais, luz e rede de esgoto? Mas, como diz um bom e velho ditado: “A liberdade não se ganha, se conquista!”.

Aparentemente, podemos ir e vir, afinal, acabou a escravidão...(!?) Mas qual é o significado da nossa independência? É possível dizer que vivemos como cidadãos livres, seja na área urbana ou rural, se ainda existem pessoas que chegam a ganhar 30 ou 50 reais por mês e usam seu dedo polegar como assinatura?

Ah, esqueci, temos o 'Bolsa Família', o 'Bolsa Escola'... Estamos no ano de 2015 e, lá fora, o Brasil é visto com um país emergente. Talvez nosso maior trunfo seja sermos eternamente o “País do futuro”...

Hoje, os beneficiados – e, diga-se de passagem, muito bem beneficiados – continuam sendo os mesmos! Só mudaram de nome. Mas como isso é possível? Temos uma nova classe emergente, cheia de cartões de crédito – e dívidas com juros praticamente impagáveis. Nossa população tem celulares, TVs de plasma, acesso ao Facebook, envia torpedos! É... Acho que estou exagerando... Olha só quantas coisas mudaram!

PS 1: Você sabia que D. Pedro pagou à Portugal 2 milhões de libras esterlinas pela nossa independência? E ainda com dinheiro emprestado!

PS 2: Será que algum dia ele pagou o empréstimo?

PS 3: Bom feriado!

Publicado em 03/09/2015, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).