quinta-feira, 31 de março de 2011

Perdas necessárias?

Li recentemente um livro intitulado “Perdas necessárias”. Não é um livro de auto-ajuda, nem, tão pouco, uma obra recente. É, de fato, uma reunião de ideias sobre as perdas que inevitavelmente temos ao longo da vida: mortes, separações, términos, partidas, perdas de ilusões e sonhos, e a perda do “eu jovem”.

Com toda a catástrofe que ocorreu no Japão, as chuvas e deslizamentos no Brasil, além das guerras constantes no mundo, acho que, mais do que nunca, esse é um momento para pensarmos e refletirmos sobre essa questão.

Segundo a autora do livro, Judith Viorst, “essas perdas são necessárias porque, para crescer, temos de perder, abandonar e desistir” e “não se pode ser um indivíduo separado, responsável, com conexões, pensante, sem alguma desistência, alguma renúncia”.

Parece, a princípio, uma visão um tanto quanto simplista da vida... Longe disto, os capítulos são recheados por conteúdos extraídos das obras de Simone de Beauvoir, Shakespeare, Emily Dickinson, etc.

Imagino que há pessoas que passaram, por exemplo, pela aposentadoria e perderam seu status, poder e prestígio. Outros perderam seu emprego, se separaram, perderam pais e mães, filhos...

Quem sabe, no momento da perda, possamos nos encarar de frente (sem a máscara e o figurino típico e “adequado” a cada local de trabalho ou situação) e desnudar-nos, criando a possibilidade de reconhecer-nos, literalmente, de novo.

Quem nunca perdeu, atire a primeira pedra! Sabemos que o curso de nossa vida é marcado por repetições e continuidades, porém dificilmente aceitamos mudanças, sejam elas fatais ou mesmo benéficas. Ao longo dos anos, percebo melhor que as perdas e os ganhos se alternam e são constantes. Tento manter um equilíbrio nesta “gangorra da vida” e seguir em frente!

PS: Deixo, aqui, meus pesares a todos que perderam alguém no Japão, no Brasil e no mundo. E aos nossos governantes também!

Publicado em 31/03/2011, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´ de Marília (SP), da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

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