quinta-feira, 2 de junho de 2011

Tem algum “pobrema”?

Você lembra como se sentiu quando leu ou escreveu pela primeira vez? É bem provável que não, parece até que já nascemos lendo e escrevendo! Mas, com certeza, deve ter sido um momento mágico.

Num país como o Brasil, onde existem milhares de analfabetos e falta de escolas públicas, chega a ser um privilégio poder ler e até escrever. Não bastasse esta realidade cruel que nossas crianças e adultos vivem já há muitos e muitos anos, ainda somos pegos de surpresa por uma nova corrente educacional, que defende a ideia de que não existe certo ou errado na língua portuguesa.

Para este grupo de pessoas, que tem a coragem de se denominar pedagogos, chamar a atenção de um aluno que escreve ou fala gramaticalmente errado é um “preconceito linguístico”. Adotado nas aulas de português para milhões de estudantes do ensino fundamental, o livro “Por uma Vida Melhor” é uma amostra desta insanidade acadêmica.

Heloisa Ramos, uma das autoras desta obra insana, cita no livro: “Você pode estar se perguntando: ‘Mas eu posso falar ‘os livro’?’, ou ‘Nós pega o peixe?’. Claro que pode”. O erro crasso de concordância é apenas uma “variação popular”, diz a autora. E mais, ela ainda diz que a língua culta, ou seja, a gramática que rege as regras de nossa língua portuguesa, é um “instrumento de dominação das elites”...

Eu fiquei totalmente pasma com estas afirmações e, pior ainda, saber que o Ministério da Educação autorizou a edição do tal livro e sua distribuição para as escolas públicas. Aonde o nosso governo que chegar com essa atitude?

Banalizar a educação e destituir-se da responsabilidade de propiciar um estudo básico para nossas crianças e jovens carentes até que parece ser uma boa saída para os governantes se eximirem de investir em nossa educação e poder falar cada vez mais que somos um “país emergente”. Emergente do que e de onde? De uma grande vergonha nacional e inescrupulosa.

PS: Se você ainda não leu o livro “Ratos e Homens” (de John Steinbeck, Ed. L&PM), este é um bom momento!

Publicado em 02/06/2011, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´ de Marília (SP), da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

Um comentário:

  1. Dá a impressão que os nossos governantes querem mesmo é que o povo continue sem cultura e que permança na ignorância, para que eles continuem os demandos sem serem perturbados.
    É um absurdo.

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