quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Errar é humano?

Dizem que errar é humano. Porém, quando se trata de lidar com a vida humana, acredito que a situação se torna bem mais complexa e passível de julgamento. Recentemente, todas as mídias noticiaram o fato da criança que faleceu devido a ter recebido vaselina na corrente sanguínea ao invés de soro!

Os pais da menina, que estava internada no hospital devido a um simples problema digestivo, disseram que ela já estava tendo alta e já havia tomado duas bolsas de soro, porém faltava ela tomar mais uma. Quando a enfermeira iria colocar a última fadada bolsa de soro, ela se confundiu e colocou uma bolsa de vaselina, o que levou a paciente a uma morte instantânea.

Como podemos entender essa fatalidade? Ou mesmo aceitá-la? A enfermeira e o hospital alegam que as bolsas de soro e de vaselina têm a mesma cor e apenas um pequeno rótulo distinguiria uma da outra, e que assim fica muito fácil confundi-las e bla, bla, bla...

Que maluquice o hospital ainda querer achar uma justificativa para um erro tão grave, assumindo que seria praticamente “normal” isso acontecer. Porque será que a vida humana está com um valor tão baixo? Ou praticamente sem valor algum?

Massificação, pressa, custo-benefício, valor de mercado, vendas, ganhos... Estas têm sido as palavras de ordem do dia. Se toda uma linha de carros de um modelo específico der algum problema, imediatamente, sai um anúncio de página inteira nos maiores jornais, chamando o cliente para um “recall”. Afinal, a fábrica “X” não pode perder seus clientes para a fábrica “Y”, existe muito dinheiro envolvido neste mercado...

Enquanto isso, o caso desta criança e de tantos outros seres humanos que falecem por erros médicos e hospitalares gravíssimos vira apenas mais uma manchete do dia!

PS1: Acho bom contratarmos logo uma agência de propaganda para fazer uma boa “campanha” que aumente o “valor da vida”, antes que seja tarde...
PS2: Quem sabe, talvez até nos chamem para um “recall”?

Publicado em 16/12/2010, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´ de Marília (SP), da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

Obs: Não houve postagem no dia 09/12/2010. O Jornal Bom Dia não circulou nesta data.

Um comentário:

  1. O errar em si é humano, mas a partir do momento que este "errar" aflige a vida alheia, se torna inadimissível tal erro.

    A enfermagem é um ofício cujo trabalhadores devem ter atenção, muita atenção, o caso último deve ser tratado como um homicídio.

    Sem falar dos casos de esquecimento de lâminas dentro de pacientes, que já ocorreu no Paraná, isto em cirúrgias.

    Os moralistas sempre tem uma versão para inocentar a causadora ou causador de tal erro.

    Logo resumo que todos erros degradantes dentro de hospitais devem ser tratados como homicício, capacitação e atenção devem ser primordiais no trabalho do enfermeiro...

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