“Estamos em 2099 e, passados 82 anos da Conferência Mundial do Clima em Copenhague, na Dinamarca, em dezembro de 2009, as consequências do que fizemos – e do que deixamos de fazer – até o final deste século são cada vez mais desastrosas.
Técnicos e especialistas alertaram para as desgraças que viriam num futuro próximo: a poluição do solo, do ar e a escassez da água. A humanidade sobrevive à espera de um milagre tecnológico capaz de reverter a desgraça ambiental que se abateu sobre a Terra. Vou tentar descrever o dia a dia dos cidadãos em nossos dias:
a) O ar se rarefez de tal forma que praticamente não se consegue respirar sem ajuda de equipamentos que levam o oxigênio à boca e às narinas através de tubos;
b) A água é racionada pelo governo. Cada cidadão tem direito a meio litro de água por dia. Os carros pipas são escoltados por homens armados. A higiene pessoal é feita com um pano embebido em óleo mineral;
c) O verde e as florestas não existem mais, são quadros e figuras de museus;
d) As chuvas acontecem muito raramente e de forma torrencial e catastrófica. As águas dos mares e oceanos tornaram-se mais salinas e poucas espécies de peixes ainda sobrevivem;
e) O solo tornou-se arenoso, foi esterilizado pelo sol e o calor que chega a 60°C;
f) Com o aumento da salinidade dos mares, houve grande diminuição da evaporação e queda brusca da umidade relativa do ar. Por isso, os pulmões ardem quando respiramos, nossa pele se tornou áspera e rugosa como a de um réptil;
g) Não existe mais proteína animal e vegetal, toda a alimentação é sintética, fabricada a partir do petróleo, por isso somos obrigados ao uso de suplementos nutritivos sintetizados;
h) A única fonte de energia disponível é a nuclear. Não existe mais a energia hidráulica e os rios secaram.
Especialistas tentam desesperadamente reverter essa situação caótica sem resultados práticos.”
A ficção acima foi escrita por Antonio Germano Pinto, engenheiro químico e especialista em recursos naturais, falecido em 2012. Esta publicação é uma homenagem ao meu querido amigo, que sempre se preocupou com o futuro – e o presente – da humanidade.
Publicado em 26/10/2017, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).
quinta-feira, 26 de outubro de 2017
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Tenho pra mim que a ficção se antecipa à realidade. Há um pouco disso tudo no livro "Não verás país nenhum" de Loyola de Brandão se não estou enganada.
ResponderExcluirValha-nos Deus!
Abraço!
Sonia