quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Violência mata mais que Aids

Muito boa a campanha do governo para continuar conscientizando a população sobre a prevenção contra a Aids. Mas, infelizmente, falta – e muito – uma atitude do mesmo para prevenir a miséria, a qual gera uma epidemia muito maior: a violência.

Uma pesquisa realizada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e pela USP (Universidade de São Paulo) revelou dados alarmantes: o número de mortes causadas por homicídios vitimou 5.705 paulistanos, contra 1.368 mortos por Aids.

Claro que esse aumento absurdo da violência em todo o Brasil se deve a vários fatores – que já estamos cansados de conhecer –, tais como: desemprego, fome, falta de escolas, moradia e, principalmente, a falta de uma perspectiva futura para os cidadãos brasileiros. Mas existe aí uma causa a mais, quase sempre presente em toda essa “epidemia de homicídios”, o tráfico de drogas.

Infelizmente, o maior número de traficantes e usuários de drogas está entre os adolescentes e até crianças, na sua maioria, vindas da periferia e das favelas, afinal eles são o alvo mais fácil de ser atingido, pois, com a completa falta de direitos à escola, lazer e trabalho, esses jovens acabam encontrando no tráfico um sonho de poder consumir e existir. Obviamente, acabam se viciando e, daí pra frente, matando e morrendo dentro desse círculo vicioso.

Além do combate às drogas, é importante combater o vício de uma sociedade que usa e abusa dos miseráveis para se enriquecer. Afinal de contas, os jovens traficantes são apenas a ponta final do iceberg.

Será que o Beira-Mar, o Marcola e outros chefões vão ter um “Natal magro” neste ano? E falando em Natal magro ou gordo... É bom lembrar que amor, carinho e compaixão não se compram nas lojas e custam apenas a nossa boa vontade!


PS 1: Se puder, passe essa bola pra frente!
PS 2: Novo governo, novos governantes: novas políticas?

Publicado em 27/11/2014, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

Um Brasil menos branco...

Segundo o levantamento realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), de 1990 para cá, o número de homens em relação ao de mulheres aumentou, a população brasileira envelheceu... E ficou menos branca...

Sim, isso mesmo... Os dados apontam que menos da metade da população se declarou branca na pesquisa – é a primeira vez que o IBGE detecta esta proporção desde 1940.

Ao todo, 91.051.646 habitantes se dizem brancos, enquanto outros 99.697.545 se declaram pretos, pardos, amarelos ou indígenas. Os brancos ainda são a maioria (47,33%) da população, mas a quantidade de pessoas que se declaram assim caiu em relação a 2000, quando foi de 53,74%. Em números absolutos, foi também a única categoria que diminuiu de tamanho em relação ao ano de 2000.

Por outro lado, em dez anos, a porcentagem de habitantes que se classificam como pardos cresceu de 38,45% (65,3 milhões) para 43,13% (82,2 milhões). Já os pretos subiram de 6,21% (10,5 milhões) para 7,61% (14,5 milhões) da população brasileira. O Brasil também tem mais moradores que se consideram amarelos (1,09% ou 2,1 milhões). Em 2000, apenas 0,45% (761,5 mil) se classificavam assim. Em dez anos, o número de amarelos superou o de indígenas, que subiu de 734,1 mil para 817,9 mil.

Bem, uma coisa fica muito evidente nesse levantamento: o Brasil é um país onde não podemos aceitar o racismo – velado, porém presente. Somos uma nação construída a partir de muitas “misturas”, uma delas, como sabemos, a partir dos milhares de escravos trazidos para cá em séculos passados. Todos nós somos o resultado da miscigenação de negros, orientais e índios – sem falar das dezenas de culturas que aqui vieram e moldam o nosso País: italianos, portugueses, japoneses, entre outras.

PS. Você já ouviu falar que a “mãe” da espécie humana era uma mulher – curiosamente chamada de Eva – e que vivia na África, aproximadamente 140 mil anos atrás?

Publicado em 20/11/2014, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Compaixão primata

Estes dias, resolvi arrumar minha mesa de trabalho e eis que surgiu à minha frente um artigo que eu tinha guardado há muito tempo. O título: “Estudo na Costa do Marfim diz que adoção de órfãos é pratica seguida até por chimpanzés do sexo masculino”. Não pensei duas vezes para destacar este fato como um exemplo de compaixão e amor incondicional no mundo animal versus o mundo “humano e civilizado”.

Segundo pesquisas, o ser humano moderno é 98,4% geneticamente indistinguível do chimpanzé moderno. Será mesmo?

Um caso muito bizarro, destacado pela mídia, mostrou como um médico, completamente doente e inescrupuloso, oferecia o tratamento de inseminação artificial para mulheres que não podiam ter filhos. Só que, durante os procedimentos, ele as estuprava – além de cobrar mais 200 mil reais pelo seu “trabalho”.

Mais absurdo ainda foi o fato das mulheres que foram vítimas deste algoz terem se calado por um bom tempo, com medo que o dito médico não desse prosseguimento ao tratamento.

Me pergunto: a que ponto chega a obsessão do ser humano por ter filhos com seus genes e ‘seu sangue’?

Se para algumas pessoas a mãe natureza não propiciou este “dom”, seria tão absurdo pensar em adotar uma criança? Ainda mais em um país como o nosso, onde há milhares de órfãos esperando por um lar!

Os chimpanzés da Costa do Marfim estariam mais evoluídos do que nós, no que tange a valores éticos e morais e à visão do que é realmente viver em uma sociedade?

PS 1: Recomendo ver o filme “O Planeta dos Macacos” (a versão original), em DVD. Foi feito em 1968, mas já mostrava com imensa clareza – e até crueldade – a maneira de agir e ser dos seres humanos.

PS 2: Não vou contar o filme inteiro, mas um detalhe vale destacar: os macacos só se tornaram ruins a partir do momento em que criaram uma sociedade espelhada em nós mesmos...

Publicado em 13/11/2014, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 6 de novembro de 2014

Certa manhã, acordei e me olhei no espelho...

Você tem rugas? Está se sentindo muito gordo(a)? Acha que seus seios estão grandes ou caídos? Fica encucado com sua careca, ou se seus cabelos estão ficando brancos demais? Não se preocupe, já está disponível no mercado um remédio que resolve tudo isso.

Infelizmente, esta fórmula não está à venda nas farmácias e nem na internet. Esse remédio tem vários nomes: “autoconfiança”, “autoestima” ou “seja você mesmo!”. Você pode achar que esse “antídoto” não vai resolver muita coisa, mas não custa experimentar.

A vida é feita de várias fases, nas quais nosso corpo vai se moldando e nossa personalidade também! Estamos sempre sujeitos a todo tipo de influência. É só ligar a TV, navegar na internet, folhear uma revista e vamos ver imagens de homens e mulheres considerados perfeitos – dentro dos padrões de beleza estipulados pela nossa sociedade, só pra lembrar!

Aí, começam a surgir os efeitos colaterais: “Estou um lixo...”, “Eu nunca vou ser igual a Angelina Jolie, ou ao Brad Pitt...“, “Será que devo fazer uma plástica? Um implante de cabelos? Colocar silicone?...”

Calma! Pense um pouco: você é único(a), seu corpo e seus traços físicos são só seus e mudanças fazem parte de nossa vida. Cuidar da saúde e de nossa aparência é importante, mas, tão importante quanto isso tudo, é descobrir a nossa própria beleza!

Comecei a pensar neste assunto há alguns anos atrás, quando, em uma bela manhã, acordei e me olhei no espelho. De repente, não sei por que, fiquei pasma: “Os anos passam, a vida passa…”

Claro que tenho minhas recaídas, como todo mundo... Nestes momentos, faço uma pausa e ouço meu pequeno “grilo falante” dizendo: temos o direito – e talvez até o dever – de criar o nosso padrão de beleza. Ou melhor, talvez não exista um padrão, mas, sim, um conjunto de fatores que nos torna belos!

PS 1: Se os sintomas persistirem, não procure um médico. Procure por você mesmo!
PS 2: O melhor espelho são os olhos de quem nos ama!

Publicado em 06/11/2014, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).