quinta-feira, 26 de abril de 2012

Vou morar com os gorilas!

Morar só ou acompanhado? As respostas variam muito de pessoa para pessoa. Mas, se depender da parcela de brasileiros que integram a faixa etária da terceira idade, parece que eles preferem a primeira opção.

De acordo com dados do Censo, realizado pelo IBGE em 2011, são quase 3 milhões de idosos que moram sozinhos, o que representa 14% do total de brasileiros com mais de 60 anos. E o número vem crescendo a cada ano.

“Me sinto bem assim. Na minha casa eu mando na minha vida”, afirma Catarina Fló, 92, que mora sozinha há quatro anos, desde que seu marido morreu.

Cyonea Villas-Bôas tem 82 anos, dirige, usa o computador, administra e faz serviço de casa, além de viajar muito. “Vivo maravilhosamente bem sozinha”.

O advogado Eliassy Vasconcellos também mora sozinho. “Quero levar a minha vida sossegado, dormir e acordar na hora em que quiser. Não dou trabalho para ninguém. Como só tenho 90 anos, garanto que estarei bem até o próximo fim de semana”, brinca Eliassy.

A professora de piano Maria Julia Moraes, 78, mora apenas com sua "sheep dog", Mel. “Ela é muito obediente. Às vezes, deita e joga os 'cabelinhos' para frente. Adora fazer dengo para a mamãe”, declara.

Quando vi as estatísticas do IBGE sobre o número de idosos que preferem morar sozinhos, achei um pouco estranho. Após ler este último depoimento, estranhei mais ainda!

Além do fato destas pessoas estarem em uma idade onde todo o cuidado é pouco, como fica a questão da convivência, da sociabilidade e da fraternidade? Percebi que seus sentimentos são resultado de uma sociedade que está se tornando cada vez mais egoísta e individualista! Afinal, o número de jovens e adultos que também preferem morar sozinhos cresce cada vez mais.

PS 1: Ser independente é bom! Mas a boa e velha convivência humana é ainda melhor!
PS 2: Acho que vou morar com os gorilas... Dizem que eles adoram viver juntos e cuidar uns dos outros!

Publicado em 26/04/2012, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Eu nego, é tudo mentira!

Alguém se lembra da belíssima novela ‘Vale Tudo’, com a maravilhosa atriz Beatriz Segall no personagem da vilã Odete Roitman e o grande ator Reginaldo Faria no papel de Marco Aurélio, também fazendo um papel de vilão, ambos com muito poder e dinheiro na trama? Puxa vida, cada vez que leio o jornal ou vejo o noticiário na TV, não consigo esquecer esta novela!

Toda semana, aparece na mídia um novo escândalo, uma denúncia e todos os políticos e demais cidadãos envolvidos repetem o mesmo refrão: “Eu nego, é tudo mentira!”. Acho que todos estudaram na mesma escola e estão muito bem treinados.

Mesmo com gravações mostrando esquemas de quadrilha, caixa dois, lóbis no planalto, eles negam, negam tudo! Se olharmos para tudo isso como uma mera ficção, podemos dizer que o enredo da trama está muito bom! Mas, por acaso... Isso tudo que estamos vendo é a nossa realidade e cada capítulo desta história vai interferir de verdade nas nossas vidas, nas vidas de nossos filhos, netos, bisnetos...

Estamos muito próximos de uma nova eleição. Sociólogos e analistas políticos divagam sobre o grande mal de não existir mais os partidos de “esquerda” ou de “direita”.

Tudo bem, está mais do que óbvio que isto é uma realidade! Agora a moda é o candidato do meio ambiente, o dos transportes, o da ‘Bolsa Família’...

Sei que parece muito simplista esta classificação e não acho que deveria ser por aí a questão. Mas a política, como tudo se globalizou, ficou moderna, imediatista, individualista. Todos querem um resultado rápido e eficaz.

Aí, me pergunto: “E como fica o Brasil daqui a dez, vinte ou trinta anos?”. Hoje, mais do  nunca, sentimos na pele a questão de problemas sociais  não resolvidos desde os tempos de D. Pedro I.

Nossos governantes continuam negando todo o apoio e políticas verdadeiras para a sustentabilidade de nosso país e nossos cidadãos. E o pior, eles negam que estão negando o seu dever!

PS: Vale a pena ver de novo?

Publicado em 19/04/2012, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 12 de abril de 2012

Sou caipira, com muito orgulho!

No dia 9 de abril, o ator e cineasta brasileiro Amácio Mazzaropi faria 100 anos. Seu personagem de caipira amável e ingênuo foi visto por mais de 1 milhão de espectadores durante a sua carreira no cinema.

Nascido no bairro da Barra Funda, em São Paulo, Mazzaropi iniciou a carreira no cinema com “Sai da Frente” (1952), comédia dirigida por Abílio Pereira de Almeida, que dirigiria, depois, outros filmes com o ator. Desde então participou do imaginário popular brasileiro com comédias leves, muitas vezes ingênuas, mas que revelam inteligência e generosidade por trás de suas histórias simples de pessoas simples.

“Jeca Tatu”, de Milton Amaral, foi um de seus filmes mais famosos – e talvez o mais bem-sucedido –, com o personagem do caipira sendo aperfeiçoado e se tornando maior do que o próprio criador: o caipira cheio de preguiça e malemolência, mas também de simpatia e bom coração.

O ator começou a dirigir seus próprios filmes em 1960, na antiga Vera Cruz. No entanto, os estúdios preferiam investir alto nos chamados filmes de arte, muito parecidos aos europeus, e não entendiam bem por que produções modestas como essas faziam tanto sucesso.

Mazzaropi entendia, e depois do terceiro filme abandonou a Vera Cruz para abrir sua própria produtora, a PAM (Produções Amácio Mazzaropi), desfeita somente quando ele morreu, em junho de 1981. Na PAM, ele produziu e dirigiu os 24 longas-metragens, nos quais atuou consolidando como quis o seu personagem caipira de fala arrastada, camisa xadrez sempre abotoada até o pescoço, paletó apertado, calças curtas sobre botas de cano curto e um toco de cigarro no canto da boca. A figura do caipira do interior, bondoso e ingenuamente maroto, arrastava multidões aos cinemas.

Parabéns ao nosso querido Mazzaropi, que mostrou, melhor do que qualquer outro ator do Brasil, que o caipira não é bobo, mas, sim, uma pessoa simples que possui a sabedoria da terra.

PS: O povo da Capital que se cuide!

Publicado em 12/04/2012, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).