quinta-feira, 31 de julho de 2014

Guerra: sinônimo de miséria?

Definição de guerra: conflito armado entre grupos ou estados que envolve mortes e destruição; luta.
Miséria: estado de falta de meios de subsistência; pobreza, indigência.

Essas são algumas definições que o dicionário me mostrou sobre ambas as palavras. Concluo, então, que toda guerra leva à miséria física e moral e que toda a miséria leva à guerra.

Infelizmente, o mundo vive em guerra desde que nos conhecemos por “Homo Sapiens”...
No momento atual, uma das guerras que mais tem chamado a atenção é o triste conflito entre Palestina e Israel, o qual também já dura há décadas.

Bombas de lá e de cá, grupos extremistas como o Hamas, soldados armados, mortes, crianças sendo usadas como escudos, mortes de centenas de civis. O que dizer?... Ninguém está certo, a guerra não é uma coisa normal, assim como a miséria também não!

Existem também as guerras veladas: quando crianças e adolescentes são obrigados a se prostituir, quando seus pais as vendem por um saco de farinha ou feijão, trabalho escravo nas áreas rurais de nosso país, falta de esgoto, luz, encanamento, falta de irrigação por falta de vontade (de quem?) em várias regiões do Brasil, seca, fome, miséria humana, guerra psicológica, violência e medo!

Enfim, somos seres primitivos, loucos e insanos querendo nos travestir de homens conscientes e normais...

Bem, o que mais posso dizer?... Talvez Jonh Lennon, quando escreveu a música 'Imagine', seu “manifesto de paz”, conseguiu falar muito mais do que todos nós!

Alguns trechos de sua linda poesia:

“Imagine não existir países
Não é difícil de fazer
Nada pelo que matar ou morrer
E nenhuma religião também
Imagine todas as pessoas
Vivendo a vida em paz”

“Imagine não existir posses
Me pergunto se você consegue
Sem necessidade de ganância ou fome
Uma irmandade do Homem
Imagine todas as pessoas
Compartilhando todo o mundo”

John Lennon (1940-1980)

PS: Ele foi assassinado por um louco insano, produto da miséria humana, da política inescrupulosa e da guerra sem sentido!

Publicado em 31/07/2014, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 24 de julho de 2014

“DNA corrompido”...

Uma pesquisa realizada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e pela USP (Universidade de São Paulo) revelou dados alarmantes: o número de mortes causadas por homicídios vitimou mais de 5.705 paulistanos, contra 1.368 mortos por Aids.

Claro que esse aumento absurdo da violência em todo o Brasil se deve a vários fatores que já estamos cansados de conhecer, tais como: desemprego, fome, falta de escolas, moradia e, principalmente, a falta de uma perspectiva futura para os cidadãos brasileiros. Mas existe aí uma causa a mais, quase sempre presente em toda essa “epidemia de homicídios”, o tráfico de drogas.

Infelizmente, o maior número de traficantes e usuários de drogas está entre os adolescentes e até crianças, na sua maioria, vindas da periferia e das favelas, afinal eles são o alvo mais fácil de ser atingido, pois, com a completa falta de direitos à escola, lazer e trabalho, esses jovens acabam encontrando no tráfico um sonho de poder consumir e existir. Obviamente, acabam se viciando e, daí pra frente, matando e morrendo dentro desse círculo vicioso.

Além do combate às drogas, é importante combater o vício de uma sociedade que usa e abusa dos miseráveis para enriquecer, afinal de contas, os jovens traficantes são apenas a ponta final de um grande iceberg.

Chego à conclusão de que o ser humano possui “in natura”, um “DNA corrompido”, ou seja, por mais que todos nós saibamos distinguir entre o que é bom e o que não é, a maioria das pessoas e, em especial, as que têm acesso à informação, educação e poder de decisão em vários níveis da sociedade, acabam por usá-lo de maneira abusiva e injusta.

Criar leis que penalizem adolescentes na sua fase mais delicada, aumentar o número de policiais nas ruas, utilizar de violência, nada disso vai adiantar se não dermos um “boot“ e “reiniciarmos nosso DNA”.

PS 1: A vida imita a arte ou a arte imita a vida?
PS 2: A Copa acabou...

Publicado em 24/07/2014, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Nem sempre o óbvio é tão óbvio assim...

Michael Sandel, filósofo e professor da Universidade de Harvard, comentou recentemente em um artigo que estamos caminhando para o que ele chama de uma sociedade mercadista, onde empresas pagam mendigos para guardar lugar na fila, pais oferecem dinheiro para que seus filhos tenham boas notas na escola, paga-se uma fortuna para um cambista por um ingresso da final da Copa, votos e órgãos são vendidos, etc, etc...

Tudo se transforma em mercadoria! Enfim, será que perdemos completamente a noção do valor real do ser humano e do significado da vida?

Aproveito esse momento para refletir sobre a Copa, diga-se de passagem, tão confusa, estranha e triste para todos nós que, infelizmente, tivemos que assistir nossa seleção jogar sem alma, sem coração, apenas levando male, male a bola de lá pra cá e de cá pra lá!

Por que isso? Talvez o óbvio nem sempre seja tão óbvio assim... Mas sempre nos resta uma luz no fim do túnel. Lembrei de um ser humano que acreditava no valor do que fazia, pura e simplesmente: Mané Garrincha, “o anjo das pernas tortas”!

“Se há um deus que regula o futebol, esse deus é sobretudo irônico e farsante, e Garrincha foi um de seus delegados incumbidos de zombar de tudo e de todos, nos estádios. Mas como é também um deus cruel, tirou do estonteante Garrincha a faculdade de perceber sua condição de agente divino. Foi um pobre e pequeno mortal que ajudou um país inteiro a sublimar suas tristezas. O pior é que as tristezas voltam, e não há outro Garrincha disponível. Precisa-se de um novo, que nos alimente o sonho”, escreveu Carlos Drummond de Andrade.

Não só no futebol, mas em todas as situações da vida, quando as coisas valem mais do que nós mesmos, corremos o risco de nos tornarmos apenas uma mercadoria, um objeto facilmente descartável...

PS: “Enquanto os gringos olhavam minha perna torta, eu ia passando por eles e fazendo meus gols” (Mané Garricha, 1933-1983).

Publicado em 17/07/2014, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 3 de julho de 2014

Mais ou menos...

Assisti ao último jogo do Brasil na Copa e sofri como todos! Ufa, no final ganhamos. Todos ficaram felizes com a vitória, mas, cá prá nós, o Brasil tem jogado mais ou menos...

Parece que essa estória de mais ou menos tem se tornado um lugar comum em nossas vidas! Quando perguntamos a um amigo como está, ele responde: “mais ou menos”. E assim vai: “como está o trabalho, o governo, o dia, o salário?”, tudo anda nessa toada...

Estranho nos contentarmos com tão pouco e ainda ficarmos felizes... Na matemática, quando multiplicamos, mais com menos dá menos. E na vida também?

Sei que parece fácil falar – e com certeza sei o quão difícil é fazer algo para mudar as coisas –, mas, porém, contudo, todavia... Em algum momento, acordamos e queremos mais: saúde, lazer, dignidade, felicidade, etc., etc...

Fui buscar um pensador contemporâneo – muito querido e amado pela maioria –, para ver o que ele teria a dizer sobre esta questão, nosso querido Chico Xavier. Com certeza, suas palavras falam tudo e muito mais sobre esse sentimento generalizado:

“A gente pode morar numa casa mais ou menos, numa rua mais ou menos, numa cidade mais ou menos, e até ter um governo mais ou menos.
A gente pode dormir numa cama mais ou menos, comer um feijão mais ou menos, ter um transporte mais ou menos, e até ser obrigado a acreditar mais ou menos no futuro.
A gente pode olhar em volta e sentir que tudo está mais ou menos...
Tudo bem!
O que a gente não pode mesmo, nunca, de jeito nenhum... é amar mais ou menos, sonhar mais ou menos, ser amigo mais ou menos, namorar mais ou menos, ter fé mais ou menos, e acreditar mais ou menos.
Senão, a gente corre o risco de se tornar uma pessoa mais ou menos.”

Chico Xavier (1910-2002)

PS 1: Um mais um nem sempre é dois...
PS 2: Vamos continuar torcendo!

Publicado em 03/07/2014, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).