quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Violência tem cura?

Uma pesquisa realizada pela OMS (Organização Mundial da Saúde) e pela USP (Universidade de São Paulo) revelou dados alarmantes: o número de mortes causadas por homicídios vitimou mais de 7.500 paulistanos, contra 2.860 mortos por AIDS.

Claro que esse aumento absurdo da violência em todo o Brasil se deve a vários fatores que já estamos cansados de conhecer, tais como: desemprego, fome, falta de escolas, moradia e, principalmente, a falta de uma perspectiva futura para os cidadãos brasileiros. Mas existe aí uma causa a mais, quase sempre presente em toda essa “epidemia de homicídios”: o tráfico de drogas.

Infelizmente, o maior número de traficantes e usuários de drogas está entre os adolescentes e até crianças, na sua maioria, vindas da periferia e das favelas. Afinal, eles são o alvo mais fácil de ser atingido, pois com a completa falta de direitos à escola, lazer e trabalho, esses jovens acabam encontrando no tráfico um sonho de poder consumir e existir. Obviamente acabam se viciando e, daí pra frente, matando e morrendo dentro desse círculo vicioso.

Além do combate às drogas, é importante combater o vício de uma sociedade que usa e abusa dos miseráveis para se enriquecer.

Os jovens traficantes são apenas a ponta final do iceberg. Por que será que os governantes pensam sempre em matar o “vírus”, ao invés de prevenir a doença?

Imagino que o grande entrave esteja no fato de mexer na raiz da questão, pois dar uma perspectiva aos nossos jovens, e mesmo adultos, significa criar uma sociedade onde todos venham a ter direitos e deveres também...

Ainda não temos a cura para a AIDS, mas já sabemos como prevenir e mesmo tratar o vírus para que o portador tenha uma vida mais longa e com qualidade. Quanto à cura para a violência, talvez tenhamos que esperar algum laboratório que invente uma pílula que torne mais rentável prevení-la do que simplesmente ir matando os milhares de infectados!

Publicado em 29/11/2012, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Discriminação geográfica...

Antigamente, poucos livros de história do Brasil, contavam que em 1695 senhores de engenho, bandeirantes vindos de São Paulo e militares de Pernambuco invadiram o Quilombo dos Palmares no alto da Serra da Barriga, hoje Alagoas, onde viviam pacificamente mais de 30 mil pessoas, entre elas negros, índios e brancos.

Com o respaldo da sociedade e da Igreja, os invasores mataram milhares de homens, mulheres e crianças. O líder, Zumbi dos Palmares, traído por um companheiro, preferiu entregar-se aos inimigos para evitar um massacre maior. Foi fuzilado e teve seu corpo esquartejado em uma praça do Recife.

O Brasil, último país a abolir formalmente o trabalho escravo, concentra hoje o segundo maior contingente de população negra do mundo, atrás apenas da Nigéria.

Conforme o censo mais recente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 44% da população brasileira é afro-descendente, mas só 5% das pessoas se declaram negras. Estes dados se tornam ainda mais espantosos quando sabemos que, da população brasileira mais empobrecida, 64% são pessoas negras.

O racismo velado é a questão que mais dificulta seu combate. Na maioria dos casos, a própria população negra não se aceita como tal, pois não conhece sua história e teme ser discriminada socialmente.

O dia 20 de novembro de 1695 é lembrado como o Dia do Martírio do Zumbi dos Palmares. Esta data, agora integrada ao calendário nacional, passou a ser comemorada todo ano como o Dia da União e Consciência Negra. Porém, parece que temos uma discriminação geográfica em nosso próprio país!

Por ora, apenas quatro Estados da União decretaram neste dia feriado estadual: Alagoas, Amapá, Mato Grosso do Sul e Rio de Janeiro. No Mato Grosso do Sul, o feriado estadual foi derrubado pelo Tribunal de Justiça do Estado, em outubro do ano passado! Então, agora só temos três estados...

PS 1: Consciência é uma palavra muito usada e pouco praticada em nosso País!
PS 2: Segundo dados históricos recentes, todos viemos da “Mama África”...

Publicado em 22/11/2012, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

A cadeira do juiz...

Estamos passando por um momento histórico em nosso País! Políticos de peso e renome estão sendo julgados junto com atravessadores de verbas, lobistas e outros afins, que usam nosso dinheiro no famoso “caixa dois” para encherem seus cofrinhos.

Meses e dias se passaram, horas e mais horas de transmissão ao vivo do julgamento. Agora, os juízes estão delegando as penas. Oito anos para um, cinco para outro, aumentam, diminuem... A maioria vai cumprir pena em regime aberto ou semiaberto. Qual o benefício disso tudo no mundo prático e real, ainda não sabemos... Mas o importante é trazer à tona a corrupção e colocar em público alguns dos corruptos que andam por aí. Temos que ir aos poucos, senão, é provável que não sobre nem um ser vivo para apagar a luz antes de sair.

Em meio a este importantíssimo episódio, tive acesso a uma informação muito importante: a poltrona na qual os juízes sentam para realizar esta grande obra é uma Ambassador Versão 2. Sua primeira versão foi criada em 1960 pelo arquiteto e designer Jorge Zalszupin, 90 anos. “Projetei o espaldar bem alto – 71 cm – para transmitir sobriedade aos juízes que ali sentassem”, enfatizou.

Incrível como o Brasil consegue achar “pêlo em ovo”. Será que o modelo da cadeira teve influência direta na decisão dos juízes? Fica aí uma dúvida...

E, só para lembrar, o feriado do dia 15 de novembro comemora mais um ano da Proclamação de nossa República!

O Brasil substituiu a monarquia pela república neste dia no ano de 1889. Então, foi formado um governo provisório para dirigir o País, composto pelos cafeicultores, liberais e militares. A figura mais importante deste episódio foi o Marechal Deodoro da Fonseca, que deixou de ser monarquista às vésperas do golpe...

A maior preocupação do governo provisório da época era assegurar os direitos de brasileiros e estrangeiros que tinham alguma propriedade!

PS 1: Qualquer semelhança é mera coincidência?
PS 2: Qual teria sido o modelo da cadeira que o Marechal Deodoro da Fonseca sentou naquele dia?

Publicado em 15/11/2012, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 8 de novembro de 2012

O “milagre” dos livros!

Recentemente, foi comemorado o Dia Nacional do Livro. Hoje, casualmente, vi em um jornal duas matérias sobre o tema, as quais, infelizmente, me lembraram que vivemos em uma “Aquarela de Brasis”.

A primeira matéria comentava sobre a importância da leitura, a necessidade de conscientizar os pais a participarem deste processo junto com seus filhos, o cuidado que a família deve ter ao escolher uma escola privada que tenha uma biblioteca atraente e professores preocupados com a leitura.

Logo fiquei intrigada. Por que o autor da matéria frisou “uma escola privada”? E as escolas públicas? Já estão tão bem resolvidas quanto a esta questão? Será que eu não estou sabendo? E os livros? Estão tão fáceis de comprar?

Bem, deixando um pouco de lado estes pequenos grandes detalhes, é bom lembrar que a média de leitura por pessoa no Brasil é de um livro por ano!

Continuei folheando o jornal e, para minha surpresa, vi uma notícia incrível: “Catadora cria biblioteca com obras encontradas no lixo”. A catadora de recicláveis, Cleuza de Oliveira, 47 anos, semi- analfabeta, moradora de uma cidade a 455 km de São Paulo, conseguiu realizar seu sonho: criou uma biblioteca dentro da Associação de Catadores, que fica localizada no centro de triagem do lixo.

“Meu sonho era montar uma biblioteca para que todos pudessem ler. De tanto ver livros jogados no lixo, de autores como Machado de Assis, José Saramago, entre outros, comecei a juntá-los. Hoje, temos um acervo com mais de 300 títulos”, comenta Cleuza, na matéria.

Em qual Brasil vivemos? No das escolas privadas, que costumam ter uma biblioteca e, na maioria das vezes, subutilizada? No Brasil dos comerciais lindos que mostram um país quase perfeito? Ou no Brasil que depende de milagres e pessoas iluminadas como Cleuza, a catadora de lixo, para colocar em prática o que já deveria existir há muito tempo?

PS 1: Cleuza de Oliveira garante que todos os livros da biblioteca são emprestados gratuitamente.
PS 2: Ela recebe um salário de 500 reais por mês!

Publicado em 08/11/2012, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Data estelar: 2012

Quando crianças, nossos super-heróis eram nossos pais. Para muitos de nós, naquele momento, eles eram perfeitos: corajosos, indestrutíveis e infalíveis. Com o passar dos anos, começamos a perceber que nosso pai ou nossa mãe são seres humanos normais e, como todo mundo, eles também tinham seus medos, fraquezas, imperfeições e, infelizmente, nem sempre conseguiam resolver os nossos problemas e, muitas vezes, nem mesmo os deles próprios.

Então começamos a ver TV, ler gibis e ir ao cinema. E encontramos, novamente, um mundo repleto de super-heróis para todos os gostos: Super-Homem, Batman, Hulk, Homem-Aranha, Mulher Maravilha... A maioria desses heróis surgiu em épocas de guerra, crises sociais e políticas.

E na vida real, existem super-heróis? Talvez você seja um deles. Heróis são os milhares de pessoas anônimas que fazem o que acham que devem fazer em determinado momento. Vão além dos seus próprios limites, lutando pelo que acreditam que seja bom para si mesmos e, especialmente, para todos ao seu redor.

Bem, isso não quer dizer que você vai sair voando por aí ou vestindo a roupa da Mulher Maravilha.

Infelizmente, desde o “achamento” do Brasil até hoje, poucas coisa mudaram. Quando da chegada dos “super-heróis portugueses” à nossa terra, eles se encantaram com nossos índios, o pau-brasil, o ouro, a terra fértil e a facilidade de adquirir tudo e todos que aqui estavam através da violência e do aculturamento.

Brasil, data estelar: 2012. Temos a felicidade de estarmos inseridos na política da globalização. Será que isso dá o direito aos nossos “super governantes” de venderem uma imagem falsa de bem-estar da nossa população e até emprestar dinheiro para países pobres?

PS 1: Acho que seria bom o “Super Brasil” emprestar dinheiro para o Brasil também!

PS 2:  Antes de sair de casa, não esqueça seus óculos com visão de raio X, seu cinto de mil e uma utilidades, sua capa voadora, etc, etc, etc... Com certeza, você vai precisar de todos eles!

Publicado em 01/11/2012, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).