Recebi, recentemente, um e-mail alarmante relatando o descaso para com uma senhora de 82 anos que sofreu uma grave queda em frente a um ambulatório médico público em São Paulo. O e-mail foi enviado por Dona Anísia, 69.
Ela conta que perguntou à senhora se ela estava com um acompanhante, mas ela respondeu ter ido só à sua consulta. Estava muito ferida, com hematomas, e sangrando. Ao procurar por ajuda, ninguém do complexo hospitalar, nenhum segurança ou funcionário se prontificou a ajudar. Sequer uma cadeira de rodas foi disponibilizada para levá-la ao Pronto Socorro. Outra senhora, um pouco mais jovem, se prontificou a ajudá-la. Depois de uma radiografia constatando não haver fraturas e um rápido curativo nos ferimentos, foi dispensada para “voltar para casa”.
“Sozinha?”, argumentou chocada, Dona Anísia. Um médico lhe respondeu que ele já tinha prestado o socorro que podia àquela senhora e que outra alma caridosa deveria, dali pra frente, fazer com que ela chegasse à sua casa.
Todos nós temos um vizinho, um amigo, um parente, ou mesmo alguém que não conhecemos e que precisa de nossa ajuda. Que tal doarmos algumas horas do nosso dia para quem precisa?
Claro que esta atitude não isenta os órgãos públicos de reverem sua postura e necessidade de atendimento para os idosos que não têm a quem recorrer. Todos nós somos cidadãos e temos direito a este auxílio público e devemos lutar por isso.
Mas também, enquanto as coisas não mudam – e infelizmente não vão mudar tão cedo –, cada um de nós pode ser um agente social transformador. O item mais importante e necessário para mudarmos a nossa sociedade é termos consciência da realidade em que vivemos e solidariedade para com o próximo.
PS 1: Um mais um é sempre mais que dois!
PS 2: Se você pode e quer doar um pouco do seu tempo a quem precisa, você pode se cadastrar no Mural de Cuidadores Voluntários do Portal Terceira Idade: www.portalterceiraidade.org.br. O mural disponibiliza voluntários de várias cidades e estados do Brasil.
Publicado em 30/11/2017, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).
quinta-feira, 30 de novembro de 2017
quinta-feira, 23 de novembro de 2017
Todos nós temos uma cor...
O Dia Nacional da Consciência Negra foi comemorado no dia 20 de novembro, em homenagem a Zumbi, líder do Quilombo dos Palmares.
Desde o descobrimento do Brasil até hoje, existe uma enorme exclusão social – e essa desigualdade também tem cor. Quantas vezes você já ouviu, ou até falou: “Sabe aquele cara de cor? Até que ele é legal”. Aí vem a pergunta: de que cor?
Todos nós temos uma cor: branca, amarela, vermelha, negra... Todos nós temos uma etnia. Por que será que, sempre que falamos “pessoa de cor”, estamos nos referindo aos negros?
Por que tratamos os negros e os índios como estrangeiros que vieram roubar o trabalho dos brancos. Afinal, foram os próprios colonizadores brancos que trouxeram os negros da África para trabalhar como escravos – além dos índios, que já estavam aqui!
“Parece que os negros não têm passado, presente ou futuro no Brasil. Parece que sua história começou com a escravidão, sendo o antes e o depois dela propositalmente desconhecidos.” Quem afirma é o antropólogo Kabengele Munanga, professor do Centro de Estudos Africanos da Faculdade de Filosofia, Letras, Ciências e Humanidades da USP.
Escritores, líderes, engenheiros e políticos negros ainda são pouco conhecidos de alunos e até dos professores! Vou citar apenas alguns deles:
- Milton Santos nasceu em 3 de maio de 1926, em Brotas de Macaúbas, na Bahia. Filho de dois professores primários, ele tornou-se um dos geógrafos negros mais conhecidos no mundo.
- Lima Barreto (Afonso Henriques de Lima Barreto) nasceu em 13 de maio de 1881, no Rio de Janeiro, neto de escravos e filho de professores. Em 1897, menos de dez anos após o fim da escravidão, ele foi aceito na importante escola de Engenharia do Rio de Janeiro – o único negro da sala.
Bem, são tantos outros negros e negras importantes que eu poderia citar, que não caberiam neste artigo...
PS 1: Um país que não conhece a sua história não tem como ir adiante!
PS 2: Sem passado, não existe futuro... não existe identidade!
PS 3: “O dia em que pararmos de nos preocupar com consciência negra, amarela ou branca, e nos preocuparmos com consciência humana, o racismo desaparece!” (Morgan Freeman)
quarta-feira, 8 de novembro de 2017
Espelho, espelho meu...
Mas, infelizmente, esta fórmula não está à venda nas farmácias – e não adianta buscar no Google... Esse remédio tem vários nomes: “autoconfiança”, “autoestima”, ou, “seja você mesmo!”.
A vida é feita de várias fases, nas quais nosso corpo vai se moldando e nossa personalidade também! Estamos sempre sujeitos a todo tipo de influência. É só ligar a TV, navegar na internet, no Facebook, folhear uma revista, e vamos ver imagens de homens e mulheres considerados perfeitos – dentro dos padrões de beleza estipulados pela nossa sociedade, só pra lembrar!
Aí, começam a surgir os efeitos colaterais: “Estou um lixo...”, “Eu nunca vou ser igual à Angelina Jolie, ou ao Brad Pitt...“, “Será que devo fazer uma plástica? Um implante de cabelos? Colocar silicone?...”.
Calma! Pense um pouco: você é único(a), seu corpo e seus traços físicos são só seus e mudanças fazem parte de nossa vida. Cuidar da saúde e de nossa aparência é importante, mas o mais importante é descobrir a nossa própria beleza!
Comecei a pensar neste assunto há alguns anos atrás, quando, em uma bela manhã, acordei e me olhei no espelho. De repente, não sei por que, fiquei pasma e pensei: “Os anos passam, a vida passa…”.
Claro que tenho minhas recaídas, como todo mundo... Nestes momentos, faço uma pausa e ouço meu pequeno “grilo falante” dizendo: “temos o direito, e talvez até o dever, de criar o nosso padrão de beleza”. Ou melhor, talvez não exista um padrão, mas, sim, um conjunto de fatores que nos torna belos!
PS 1: Se os sintomas persistirem, não procure um médico, procure por você mesmo!
PS 2: Cuidar de si mesmo é importante. Mas não deixe de cuidar dos outros.
PS 3: Acho que vou assistir de novo ao filme da Branca de Neve...
Publicado em 09/11/2017, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).
quinta-feira, 2 de novembro de 2017
Perdas... São necessárias?
Li recentemente um livro intitulado “Perdas necessárias”. Não é um livro de autoajuda, nem, tão pouco, uma obra recente. É, de fato, uma reunião de ideias sobre as perdas que inevitavelmente temos ao longo da vida: mortes, separações, términos, partidas, perdas de ilusões e sonhos, e a perda do “eu jovem”.
Com todas as catástrofes que têm ocorrido no mundo – enchentes, furacões, terremotos, além das guerras constantes e incoerentes –, acho que, mais do que nunca, esse é um momento para pensarmos e refletirmos sobre essa questão.
Segundo a autora do livro, Judith Viorst, “essas perdas são necessárias porque, para crescer, temos de perder, abandonar e desistir” e “não se pode ser um indivíduo separado, responsável, com conexões, pensante, sem alguma desistência, alguma renúncia”.
Parece, a princípio, uma visão um tanto quanto dura da vida... Mas, afinal, o que é viver? O que é perder ou ganhar? Tudo é tão relativo e frágil...
Quem sabe, no momento da perda, possamos nos encarar de frente – sem a máscara e o figurino típico e “adequado” a cada local de trabalho ou situação – e desnudar-nos, criando a possibilidade de reconhecer-nos, literalmente, de novo.
Quem nunca perdeu algo ou alguém que atire a primeira pedra! Sabemos que o curso de nossa vida é marcado por repetições e continuidades, porém dificilmente aceitamos mudanças, sejam elas fatais ou mesmo benéficas.
“Viver
E não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz!”
Trecho de uma das músicas de Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, mais conhecido como Gonzaguinha (1945-1991).
PS 1: As únicas perdas que considero verdadeiras e inevitáveis são as de nossos amigos e entes queridos nesta nossa passagem tão curta!
PS 2: Tento manter um equilíbrio nesta “gangorra da vida” e seguir em frente!
PS 3: Meu respeito ao Dia de Finados.
Publicado em 02/11/2017, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).
Com todas as catástrofes que têm ocorrido no mundo – enchentes, furacões, terremotos, além das guerras constantes e incoerentes –, acho que, mais do que nunca, esse é um momento para pensarmos e refletirmos sobre essa questão.
Segundo a autora do livro, Judith Viorst, “essas perdas são necessárias porque, para crescer, temos de perder, abandonar e desistir” e “não se pode ser um indivíduo separado, responsável, com conexões, pensante, sem alguma desistência, alguma renúncia”.
Parece, a princípio, uma visão um tanto quanto dura da vida... Mas, afinal, o que é viver? O que é perder ou ganhar? Tudo é tão relativo e frágil...
Quem sabe, no momento da perda, possamos nos encarar de frente – sem a máscara e o figurino típico e “adequado” a cada local de trabalho ou situação – e desnudar-nos, criando a possibilidade de reconhecer-nos, literalmente, de novo.
Quem nunca perdeu algo ou alguém que atire a primeira pedra! Sabemos que o curso de nossa vida é marcado por repetições e continuidades, porém dificilmente aceitamos mudanças, sejam elas fatais ou mesmo benéficas.
“Viver
E não ter a vergonha
De ser feliz
Cantar e cantar e cantar
A beleza de ser
Um eterno aprendiz!”
Trecho de uma das músicas de Luiz Gonzaga do Nascimento Júnior, mais conhecido como Gonzaguinha (1945-1991).
PS 1: As únicas perdas que considero verdadeiras e inevitáveis são as de nossos amigos e entes queridos nesta nossa passagem tão curta!
PS 2: Tento manter um equilíbrio nesta “gangorra da vida” e seguir em frente!
PS 3: Meu respeito ao Dia de Finados.
Publicado em 02/11/2017, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).
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