Conheci, recentemente, Zip. Soube que ele já está com 98 anos. Num primeiro momento, achei Zip uma figura mal-encarada e rabugenta. Percebi que ele sentia algumas dores musculares e que não estava enxergando muito bem.
Tentei puxar conversa de várias maneiras, quis agradá-lo, chamei-o para um passeio, mas nada acontecia – ele continuava arisco, sempre me observando. Mesmo assim, pude sentir que Zip tinha um bom coração.
Comecei a refletir sobre sua idade e que, talvez, após tantos anos de vida, ele tinha o direito de ser mais reservado.
Passei a visitá-lo diariamente e, aos poucos, ele começou a se abrir mais, mudando sua feição para um rosto mais manso, porém observador e cauteloso. Após algum tempo, consegui estabelecer uma relação de amizade – claro, respeitando seus limites.
Curiosamente, mesmo tendo uma sensação inicial de antipatia e mal-estar com seu jeito tão arisco e introvertido, percebi que ele havia adquirido uma sabedoria natural ao longo dos anos.
Pensei: “Talvez uma amizade ou uma relação sincera e de confiança realmente não possa acontecer em 24 horas – ou em apenas alguns dias –, mas, sim, ao longo de um período de convivência”. Também comecei a entender e aceitar melhor a ideia de respeitar o tempo e os limites do outro.
Acho que isso funciona para tudo o que acontece em nossa vida e na sociedade também! Dizem que estamos vivendo o momento mais conectado de todos os tempos, as informações e acontecimentos pessoais e do mundo aparecem em segundos na internet, no Facebook, no Twitter, na TV online, podemos ver tudo pelo celular, postar fotos, etc., etc., etc...
E cadê aquele tempo para digerirmos tudo isso? Entendermos quem é quem? Qual o motivo daquela ação ou reação? Continuo achando que Zip e suas atitudes geram mais sabedoria e possibilidades de vivermos em um mundo mais transparente e melhor!
PS 1: Tempo, tempo, tempo...
PS 2: Zip é um cãozinho. Ele está com 14 anos, o que equivaleria a 98 anos para um ser humano.
Publicado em 29/06/2017, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).
quinta-feira, 29 de junho de 2017
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Olá Tony, que lindo seu relato sobre esse cãozinho,achei muito linda essa afinidade com os animais, também sofro dessa síndrome...rsrs adoro gatos e todos os animais, são nossos irmãos sim!
ResponderExcluirDeixo o link do meu blog para vc conhecer:
https://gruponordestepb.blogspot.com.br/
Amigos da Terceira Idade.
bjs!