quinta-feira, 12 de novembro de 2015

Discriminação geográfica...

Antigamente, poucos livros de história do Brasil contavam que, em 1695, senhores de engenho, bandeirantes vindos de São Paulo e militares de Pernambuco invadiram o Quilombo dos Palmares no alto da Serra da Barriga, hoje Alagoas, onde viviam pacificamente mais de 30 mil pessoas, entre elas negros, índios e brancos.

Com o respaldo da sociedade e da Igreja, os invasores mataram milhares de homens, mulheres e crianças. O líder, Zumbi dos Palmares, traído por um companheiro, preferiu entregar-se aos inimigos para evitar um massacre maior. Foi fuzilado e teve seu corpo esquartejado em uma praça do Recife.

O Brasil, último país a abolir formalmente o trabalho escravo, concentra hoje o segundo maior contingente de população negra do mundo, atrás apenas da Nigéria.

Conforme o censo mais recente do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), 44% da população brasileira é afrodescendente, mas só 5% das pessoas se declaram negras. Estes dados se tornam ainda mais espantosos quando sabemos que, da população brasileira mais empobrecida, 64% são pessoas negras.

O racismo velado é a questão que mais dificulta seu combate. Na maioria dos casos, a própria população negra não se aceita como tal, pois não conhece sua história e teme ser discriminada socialmente.

O dia 20 de novembro de 1695 é lembrado como o Dia do Martírio do Zumbi dos Palmares. Esta data, agora integrada ao calendário nacional, passou a ser comemorada todo ano como o Dia da União e Consciência Negra. Porém, parece que temos uma discriminação geográfica em nosso próprio país!

Por ora, apenas alguns Estados da União decretaram neste dia feriado estadual. Podemos chamar isso de discriminação geográfica? E haja discriminação...

PS 1: Consciência é uma palavra muito usada e pouco praticada em nosso País!
PS 2: Segundo dados históricos recentes, todos viemos da “Mama África”...

Publicado em 12/11/2015, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

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