Agora que estamos finalmente a alguns dias do Carnaval – um dos eventos mais esperados pelos brasileiros durante o ano inteiro –, lembrei-me das lindas marchinhas que tocavam nos anos 60, entre elas, uma que cai muito bem para os tempos de hoje, Máscara Negra, interpretada pela magistral Dalva de Oliveira, quando ela canta: “mais de mil palhaços no salão...”.
E fora do salão? Talvez sejamos mais de duzentos milhões de palhaços! Parece duro falar assim, mas que outra conclusão posso tirar de um país onde a miséria rola solta e os donos do circo estão no poder? Inclusive, estes nem de fantasia precisam, pois já usam suas “máscaras negras” o ano inteiro...
Mas vamos curtir a folia, porque só Deus sabe o que vem depois. Li uma pesquisa que cita o surgimento do Carnaval como uma festa que já existia dez mil anos antes de Cristo, quando os povos que habitavam as margens do rio Nilo, no Egito, comemoravam suas colheitas.
Os homens daquela época entravam em estado de utopia através da comemoração. No momento da festa, se desligavam das coisas ruins e saudavam as que lhes pareciam boas, com danças e cânticos para espantar as forças negativas.
Para os foliões de hoje, me parece que o sentimento de utopia é idêntico! Seguindo as antigas tradições, durante a semana do Carnaval não existem problemas políticos ou sociais, existe apenas a visão de mulheres quase nuas desfilando sem parar!
Algumas escolas de samba ainda falam da realidade do Brasil e contam nossa história através de seus belos enredos. Porém, os grandes patrocinadores tornam este momento único em um “Carnaval para inglês ver”!
PS 1: “Tanto riso, oh quanta alegria”, “Mamãe, mamãe eu quero, mamãe eu quero mamar”, “Ó abre alas, que eu quero passar”...
PS 2: Você já escolheu sua fantasia? Tem máscara da Dilma, do Lula, da Graça Foster, do Tiririca, etc, etc, etc...
PS 3: O último que sair nem luz vai ter pra apagar! Água, só se for Perrier...
Publicado em 12/02/2015, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).
quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015
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