quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

Qual é o “pobrema”?...

Você lembra como se sentiu quando leu ou escreveu pela primeira vez? É bem provável que não – parece até que já nascemos lendo e escrevendo! Mas, com certeza, deve ter sido um momento mágico.

Já faz um tempinho que o Ministério da Educação autorizou a publicação do livro “Por uma Vida Melhor”, uma insanidade completa! Volto a falar neste assunto, por que a insanidade continua...

Num país como o Brasil, onde existem milhares de analfabetos e falta de escolas públicas, chega a ser um privilégio poder ler e até escrever. Não bastasse esta realidade cruel, que nossas crianças e adultos vivem há muita e muitas décadas, ainda somos pegos de surpresa por uma nova corrente educacional, que defende a ideia de que não existe certo ou errado na língua portuguesa.

Para este grupo de pessoas, que tem a coragem de se denominar pedagogos, chamar a atenção de um aluno que escreve ou fala gramaticalmente errado é um “preconceito linguístico”. Adotado nas aulas de português para milhões de estudantes do ensino fundamental, o livro “Por uma Vida Melhor” é uma amostra desta insanidade acadêmica.

Heloisa Ramos, uma das autoras desta obra insana, cita no livro: “Você pode estar se perguntando: ‘Mas eu posso falar ‘os livro’?’, ou ‘Nós pega o peixe?’. Claro que pode”. O erro crasso de concordância é apenas uma “variação popular”, diz a autora. E mais, ela ainda diz que a língua culta, ou seja, a gramática que rege as regras de nossa língua portuguesa, é um “instrumento de dominação das elites”...

Eu fiquei totalmente pasma com estas afirmações e, pior ainda, saber que o Ministério da Educação autorizou a edição do tal livro e sua distribuição para as escolas públicas.

Banalizar a educação e destituir-se da responsabilidade de propiciar um estudo básico para nossas crianças e jovens carentes até que parece ser uma boa saída para os governantes se eximirem de toda e qualquer responsabilidade ética e moral em relação a tudo o que acontece no Brasil!

PS 1: Meus sentimentos pela morte de dom Paulo Evaristo Arns, ícone progressista da igreja no Brasil.

PS 2: Se você ainda não leu o livro “Ratos e Homens”, de John Steinbeck, este é um bom momento!

Publicado em 15/12/2016, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

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