A história que aprendemos desde crianças na escola é que no dia 7 de Setembro de 1822, próximo ao riacho do Ipiranga, Dom Pedro levantou a espada e gritou: “Independência ou Morte!”.
Pouco se comenta que o povo, na época, nem sequer acompanhou ou entendeu o significado da independência. A estrutura agrária continuou a mesma, a escravidão se manteve e a distribuição de renda continuou desigual. A elite agrária, que deu suporte a D. Pedro I, foi a camada que mais se beneficiou.
Estamos falando da história do Brasil, mas todos estes fatos me remetem aos dias de hoje. O nosso país continua sendo extremamente desigual – em todos os sentidos: econômico, social e político. Quem não gostaria de ser independente, ter o direito ao seu sustento, morar, estudar, trabalhar, ter acesso a hospitais, luz e rede de esgoto? Mas, como diz um bom e velho ditado: “A liberdade não se ganha, se conquista!”.
Aparentemente, podemos ir e vir, afinal, acabou a escravidão...(!?) Mas qual é o significado da nossa independência? É possível dizer que vivemos como cidadãos livres, seja na área urbana ou rural, se ainda existem pessoas que chegam a ganhar 30 ou 50 reais por mês e usam seu dedo polegar como assinatura?
Ah, esqueci, temos o 'Bolsa Família', o 'Bolsa Escola'... Estamos no ano de 2015 e, lá fora, o Brasil é visto com um país emergente. Talvez nosso maior trunfo seja sermos eternamente o “País do futuro”...
Hoje, os beneficiados – e, diga-se de passagem, muito bem beneficiados – continuam sendo os mesmos! Só mudaram de nome. Mas como isso é possível? Temos uma nova classe emergente, cheia de cartões de crédito – e dívidas com juros praticamente impagáveis. Nossa população tem celulares, TVs de plasma, acesso ao Facebook, envia torpedos! É... Acho que estou exagerando... Olha só quantas coisas mudaram!
PS 1: Você sabia que D. Pedro pagou à Portugal 2 milhões de libras esterlinas pela nossa independência? E ainda com dinheiro emprestado!
PS 2: Será que algum dia ele pagou o empréstimo?
PS 3: Bom feriado!
Publicado em 03/09/2015, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).
quinta-feira, 3 de setembro de 2015
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