Estes dias, resolvi arrumar minha mesa de trabalho e eis que surgiu à minha frente um artigo que eu tinha guardado há muito tempo. O título: “Estudo na Costa do Marfim diz que adoção de órfãos é pratica seguida até por chimpanzés do sexo masculino”. Não pensei duas vezes para destacar este fato como um exemplo de compaixão e amor incondicional no mundo animal versus o mundo “humano e civilizado”.
Segundo pesquisas, o ser humano moderno é 98,4% geneticamente indistinguível do chimpanzé moderno. Será mesmo?
Um caso muito bizarro, destacado pela mídia, mostrou como um médico, completamente doente e inescrupuloso, oferecia o tratamento de inseminação artificial para mulheres que não podiam ter filhos. Só que, durante os procedimentos, ele as estuprava – além de cobrar mais 200 mil reais pelo seu “trabalho”.
Mais absurdo ainda foi o fato das mulheres que foram vítimas deste algoz terem se calado por um bom tempo, com medo que o dito médico não desse prosseguimento ao tratamento.
Me pergunto: a que ponto chega a obsessão do ser humano por ter filhos com seus genes e ‘seu sangue’?
Se para algumas pessoas a mãe natureza não propiciou este “dom”, seria tão absurdo pensar em adotar uma criança? Ainda mais em um país como o nosso, onde há milhares de órfãos esperando por um lar!
Os chimpanzés da Costa do Marfim estariam mais evoluídos do que nós, no que tange a valores éticos e morais e à visão do que é realmente viver em uma sociedade?
PS 1: Recomendo ver o filme “O Planeta dos Macacos” (a versão original), em DVD. Foi feito em 1968, mas já mostrava com imensa clareza – e até crueldade – a maneira de agir e ser dos seres humanos.
PS 2: Não vou contar o filme inteiro, mas um detalhe vale destacar: os macacos só se tornaram ruins a partir do momento em que criaram uma sociedade espelhada em nós mesmos...
Publicado em 13/11/2014, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).
quinta-feira, 13 de novembro de 2014
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