quinta-feira, 4 de setembro de 2014

Se Dom Pedro soubesse...

A história que aprendemos desde crianças na escola é que no dia 7 de Setembro de 1822, próximo ao riacho do Ipiranga, Dom Pedro levantou a espada e gritou: “Independência ou Morte!”.

Pouco se comenta que o povo, na época, nem sequer acompanhou ou entendeu o significado da independência. A estrutura agrária continuou a mesma, a escravidão se manteve e a distribuição de renda continuou desigual. A elite agrária, que deu suporte a  D. Pedro I, foi a camada que mais se beneficiou.

Estamos falando da história do Brasil, mas todos estes fatos me remetem aos dias de hoje. O nosso país continua sendo extremamente desigual, em todos os sentidos: econômico, social e político. Quem não quer ser independente, ter o direito ao seu sustento, morar, estudar, trabalhar, ter acesso a hospitais, luz e rede de esgoto? Mas, como diz um bom e velho ditado: “A liberdade não se ganha, se conquista!”.

Aparentemente, podemos ir e vir, afinal, acabou a escravidão...(!?) Mas qual é o significado da  nossa independência? É possível dizer que vivemos como cidadãos livres, seja na área urbana ou rural, se ainda existem pessoas que chegam a ganhar 30 ou 50  reais por mês e usam seu dedo polegar como assinatura?

Ah, esqueci, temos a 'Bolsa Família', a 'Bolsa Escola'... Estamos no ano de 2014 e, lá fora, o Brasil é visto com um país emergente. Talvez nosso maior trunfo seja sermos eternamente o “País do futuro”...

Hoje, os beneficiados, e, diga-se de passagem, muito bem beneficiados, continuam sendo os mesmos! Só mudaram de nome. Mas como isso é possível? Temos uma nova classe emergente, cheia de cartões de crédito – e dívidas com juros praticamente impagáveis. Nossa população tem celulares, TVs de plasma, acesso ao Facebook, envia torpedos! É... Acho que estou exagerando... Olha só quantas coisas mudaram!

PS 1: Você sabia que D. Pedro pagou à Portugal 2 milhões de libras esterlinas pela nossa independência? E ainda com dinheiro emprestado!
PS 2: O reality show continua... Qual candidato vai pro “paredão”?



Publicado em 04/09/2014, na coluna ´Formador de Opinião´ do Jornal ´Bom Dia´, da Rede Bom Dia (às quintas-feiras, a coluna é escrita por Tony Bernstein).

2 comentários:

  1. Quanta verdade no teu texto, mas sou otimista penso que como país relativamente novo e com um povo que , por estar comendo mais e melhor, vai aprendendo a escolher melhor quem o representa e, quem sabe, num futuro deixemos de ser emergentes e passemos a ser um país de iguais,. Abraço!

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  2. Quando o Brasil respeitar suas crianças, idosos e pessoas de bem, além de oferecer educação, alimentação e saúde, será um país de verdade.

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